As manchetes das últimas horas parecem repetir um roteiro já conhecido: uma famosa bem-sucedida e a decepção amorosa com um jogador de futebol. Virginia Fonseca, que nos últimos dias estava hospedada na casa de Vinicius Jr. em Madrid, vê agora o nome do atacante ligado a conversas íntimas com outra modelo, Day Magalhães. Já Iza enfrenta, mais uma vez, rumores sobre o fim do casamento com Yuri Lima, que apagou fotos do casal em meio a memórias ainda recentes de uma traição exposta quando a cantora estava grávida.
O que une esses enredos não é apenas a fama ou o brilho dos holofotes, mas o peso de um imaginário social: o de que jogadores de futebol carregam uma espécie de licença tácita para viver fora das regras da fidelidade. Ou pelo menos, na cabeça deles, eles parecem normalizar isso. Como se o ser infiel fosse uma identidade naturalizada, quase celebrada. Faz gol dentro de campo, mas tropeça quando o assunto é compromisso.
Mas, no centro da narrativa, estão Virginia, que construiu um império no universo digital e nos negócios, e Iza, uma artista grandiosa e dona de uma das vozes mais potentes do país. Duas mulheres que são muito mais do que coadjuvantes e que precisam enfrentar algo contra o qual nenhuma carreira oferece imunidade: a dor íntima da desconfiança.
E como dói desconfiar. Liga sem motivo, mexe no celular, abre rede social, fecha de novo, volta, procura sinais. O coração dispara, a respiração falha, a mente cria possibilidades de coisas que ainda não aconteceram. Relembra conversas, ensaia perguntas, vigia curtidas, analisa seguidores. Cada gesto se torna suspeito, cada silêncio é um abismo. No fim, não é o outro que ocupa o centro da cena, é a própria dor. Dor repetida, insistente, cansativa.
É preciso refletir sobre o quanto a cultura em que estamos mergulhados ainda alimenta a ideia de que a infidelidade é quase um clichê no universo esportivo e, por consequência, um drama reincidente na vida de tantas mulheres que se relacionam com atletas. No imaginário coletivo, persiste a imagem cruel de que, ao se envolver com um jogador, a mulher estaria automaticamente aceitando o rótulo de traída.
Na minha opinião, o famoso dilema que fica não é nosso. É deles. Até quando vale repetir padrões que esvaziam o afeto e transformam o futuro em um campo vazio, cheio de vitórias públicas, mas tantas derrotas íntimas?
Porque, no fim, vencer não é sobre levantar troféus, mas sobre preservar vínculos e valorizar quem teve a ousadia de lhe oferecer amor.