Virginia sofre com polêmica das apostas e impulsiona influencers sem querer

Em meio à repercussão da CPI das Bets, o depoimento da influenciadora no Senado movimentou as redes sociais e acabou impulsionando outros criadores de conteúdo

Divulgação
Foto: Divulgação

A participação da influenciadora digital Virginia Fonseca na CPI das Bets, realizada na última terça-feira, dia 13, dominou os debates nas redes sociais brasileiras e gerou uma enorme repercussão no ambiente digital nos últimos dias. Dados da Nexus, empresa especializada em inteligência de dados, apontam que a presença de Virginia no Senado resultou em mais de 4,5 milhões de menções no X (antigo Twitter), colocando seu nome no topo dos Trending Topics no Brasil nas últimas horas.

Uma análise da Nexus, baseada em 250 mil publicações feitas por 122 mil usuários, indica que o pico das conversas ocorreu por volta das 13h da terça-feira. No Facebook e no Instagram, o impacto também foi expressivo, com publicações sobre o tema ultrapassando 80 mil curtidas.

No Google Trends, a expressão “Virginia CPI das Bets” alcançou o sétimo lugar entre as buscas no Brasil, com mais de 100 mil pesquisas — um crescimento de 800%. O pico das buscas foi registrado às 3h32 da madrugada de quarta-feira, dia 14.

Diante do alvoroço, a apresentadora do SBT acabou sofrendo certo impacto. Segundo o site Social Blade, mais de 29 mil pessoas deixaram de seguir Virginia no dia do seu depoimento. Até a noite de quarta-feira, a perda de seguidores já ultrapassava a marca de 200 mil.

Ao mesmo tempo, a discussão sobre as apostas online provocada pelo depoimento de Virginia acabou impulsionando o crescimento de influenciadores que produzem conteúdo alertando sobre os riscos das apostas digitais. É o caso de Bárbara Torres e Felipe Baldi, que têm se destacado com vídeos voltados à conscientização sobre o tema.

Bárbara, por exemplo, alcançou mais de 15 milhões de visualizações e teve mais de 200 mil compartilhamentos em postagens nas quais critica a legalização das casas de apostas online. “O Brasil, mais uma vez, assiste à justiça virar entretenimento — e à ética virar moeda de troca”, afirmou em uma de suas publicações.

Para ela, o impacto das apostas não se limita ao campo moral ou ético, mas representa um desafio de saúde pública. Em suas palavras, é necessário que pais, educadores e autoridades compreendam que a promessa de lucro fácil pode adoecer uma geração inteira, enquanto empresas, governos e influenciadores se beneficiam financeiramente desse cenário.

Felipe Baldi é outro nome que também tem chamado atenção na web, especialmente no LinkedIn, suas publicações alcançam milhões de visualizações. Em um vídeo recente que viralizou, ele questiona se Virginia incentivaria suas filhas a apostar ou a aprender sobre educação financeira. A provocação abriu espaço para uma discussão mais ampla sobre a responsabilidade de influenciadores na promoção de jogos online.

“Dinheiro deve ser sim assunto de criança, mas por um viés completamente diferente, com essa relação sendo ensinada nas escolas”, afirma Felipe. Segundo ele, entender as motivações psicológicas por trás das decisões de consumo é fundamental para evitar escolhas impulsivas, como a de apostar por influência de criadores de conteúdo.

Desde 2020, com a inclusão da Educação Financeira na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), escolas brasileiras vêm buscando formas de aplicar o tema de maneira prática. A partir dessa demanda, Felipe criou a Tangram — uma plataforma gamificada que oferece conteúdos sobre finanças de forma envolvente, voltada para o ambiente escolar.

Atualmente, a Tangram realiza a maior Olimpíada Online de Educação Financeira do Brasil, com mais de 300 mil estudantes inscritos em escolas públicas e privadas de todo o país. O tema da edição deste ano é justamente a conscientização sobre os riscos das apostas online.

Em meio ao debate acalorado que tomou as redes, a repercussão da CPI das Bets evidencia não apenas o alcance dos influenciadores digitais, mas também a potência das redes em promover discussões sobre um tema tão presente na vida dos brasileiros. Ao mesmo tempo que polarizações se intensificam, há também espaço para vozes que estão propondo reflexões construtivas, com foco em educação e impacto social.