Coluna: Matheus Baldi

Mineiro, Matheus Baldi é jornalista e apresentador, com passagens por UOL, SBT, Record e Band. Com mais de 4 milhões de seguidores nas redes sociais, já ultrapassou os 2 bilhões de visualizações em seus vídeos na internet. Diariamente, Matheus compartilha sua visão apurada e informações exclusivas sobre os bastidores do show business.

Virginia, Frei Gilson e o inferno: a batalha é política ou espiritual?

Relato da influenciadora acabou gerando debate polêmico nas redes sociais

Reprodução/Redes Sociais
Virginia e Frei Gilson Foto: Reprodução/Redes Sociais

Nesta quarta-feira, dia 19, Virginia Fonseca compartilhou com seus seguidores um episódio que gerou grande repercussão. Ela afirmou ter passado mal após acordar de madrugada para participar do Rosário conduzido pelo Frei Gilson, religioso que tem se destacado nas redes sociais por suas transmissões ao vivo durante a Quaresma. Sua live às 4h da manhã já chegou a atrair um público impressionante de mais de um milhão de fiéis.

Virginia relatou que, após assistir à transmissão, sentiu-se mal e precisou passar por uma bateria de exames, que, no entanto, não detectaram qualquer problema de saúde. Diante disso, muitos internautas atribuíram o episódio a uma “batalha espiritual”. Sua mãe, Margareth Serrão, reforçou essa interpretação ao compartilhar um relato impactante: “Quando a maior influenciadora do Brasil se uniu às orações, o inferno se irritou e se levantou contra ela”.

A situação rapidamente gerou um debate acalorado nas redes sociais. De um lado, há os que acreditam na força espiritual do episódio; de outro, os que veem na narrativa uma tentativa de reforçar crenças religiosas sem qualquer fundamento. Em meio a isso, Frei Gilson tornou-se ainda mais central na discussão, dado o contexto político que o cerca.

Realizando transmissões ao vivo desde 2016, Frei Gilson conquistou milhões de seguidores, especialmente durante a pandemia. No entanto, sua popularidade também veio acompanhada de polêmicas. Embora nunca tenha declarado apoio formal ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele foi associado à base bolsonarista após aparecer em uma transmissão em Brasília cercado por bandeiras do Brasil, em junho de 2021. Durante a ocasião, fez uma oração pedindo para livrar o país do “flagelo do comunismo”.

Recentemente, o nome do frei apareceu em documentação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado, por ter recebido a chamada “oração do golpe” do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, indiciado na investigação. Vale ressaltar que Frei Gilson não é formalmente investigado.

A ascensão do religioso nas redes sociais, no entanto, não se limita à esfera política. Suas falas sobre questões sociais também geraram polêmica. No último Dia Internacional da Mulher (8 de março), viralizou um vídeo antigo em que ele defendia a submissão feminina com base na interpretação do Livro de Efésios, do Novo Testamento. A frase “As mulheres sejam submissas aos seus maridos como ao Senhor” foi duramente criticada por setores da sociedade.

Diante da repercussão, figuras como Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro saíram em defesa do frei. O ex-presidente afirmou que ele é um “fenômeno em oração” e que estaria sendo “atacado pela esquerda”. Michelle Bolsonaro, por sua vez, desejou que Deus o protegesse “do homem mau”.

Em meio a esse turbilhão, segundo dados do Social Blade, entre sexta-feira e sábado, Frei Gilson apagou ou tornou privados 1,4 mil vídeos do seu canal no YouTube. Os conteúdos removidos abrangiam os anos de 2018 a 2024, sendo que 2022, ano das eleições presidenciais, teve a maior quantidade de vídeos retirados do ar: mais de 370.

O debate nas páginas de notícias que republicaram o relato de Virginia ilustra um fenômeno cada vez mais presente no Brasil: a mistura entre fé e política. Relatos de experiências pessoais, como o da influenciadora, rapidamente se tornam combustível para disputas ideológicas. A repercussão do episódio mostra como a discussão sobre espiritualidade e crença pessoal passou a ser politizada e utilizada como ferramenta de divisão.

O pastor e escritor Ed René Kivitz, conhecido por seu pensamento crítico sobre a relação entre religião e sociedade, resume bem essa questão: “O problema não é a religião, o problema está no extremismo e nos fundamentalistas religiosos”. A colocação aponta para um dilema central: a intolerância, seja ela vinda de qualquer espectro político ou crença, corrói a própria essência do diálogo e da diversidade de pensamentos.

O Brasil é um país laico, pelo menos em sua Constituição. No entanto, na prática, a relação entre política e religião se estreita cada vez mais. A violência crescente, o caos econômico, a intolerância racial, a homofobia e o feminicídio são sintomas de um país que, apesar de profundamente religioso, ainda enfrenta desafios estruturais que exigem muito mais do que orações.

Como bem pontua o escritor Yuval Noah Harari em 21 Lições para o Século 21: “A fé pode ser uma força poderosa para unir pessoas e dar sentido à vida, mas também pode ser usada para dividir e manipular”. O desafio, portanto, não está na crença, mas na maneira como ela é instrumentalizada.

Talvez a grande reflexão a ser feita não seja sobre se Virginia Fonseca viveu ou não uma batalha espiritual, mas sobre a urgência de respeitarmos a fé do outro, sua experiência e, acima de tudo, a liberdade de viver essa conexão com o divino — ou a falta dela — da maneira que cada um escolher.

Ainda sobre Virginia

A apresentadora do SBT revelou que o marido, Zé Felipe, não tem ideia de quanto dinheiro tem na conta. Em uma conversa descontraída, o sertanejo confessou: “Eu pego o meu e já gasto.” A influenciadora brincou que ele “gira a economia” e que o dinheiro mal entra e já sai. Entre presentes milionários e um estilo de vida luxuoso, o casal segue aproveitando cada centavo.

Wicked de volta ao Brasil

A superprodução “Wicked” retorna ao Teatro Renault, em São Paulo, com Myra Ruiz e Fabi Bang novamente nos papéis de Elphaba e Glinda. Karin Hils, ex-Rouge, é uma das novidades no elenco, interpretando Madame Morrible. O espetáculo, fenômeno da Broadway, já tem sessões confirmadas até junho.

União de talentos

As agências BPMCom e Mattoni Comunicação anunciaram fusão e criaram a BPMAT, nova potência no agenciamento artístico e gestão de carreiras. À frente do negócio estão Juliana Mattoni e Paulo Pimenta, que combinam expertise em relações públicas e construção de imagem. O casting da empresa inclui Claudia Raia, Giovana Cordeiro e Bruna Tavares, com foco em fortalecer conexões entre artistas e grandes marcas.

Vik Muniz em casa

O renomado artista Vik Muniz assina uma coleção exclusiva de revestimentos da Portobello, trazendo sua estética sofisticada para ambientes contemporâneos. A linha, batizada de Haptic, pode ser usada em salas, cozinhas e até banheiros, explorando texturas e cores que desafiam a percepção visual e prometem ser um dos destaques da Expo Revestir 2025.

Oracle e TikTok

A Oracle é apontada como forte candidata para adquirir o TikTok nos Estados Unidos, enquanto o aplicativo de vídeos luta contra restrições do governo americano. A negociação envolve questões diplomáticas entre Washington e Pequim, e o futuro da plataforma bilionária segue incerto.

Até amanhã!