Com meia hora de atraso, o show de Wilson Simoninha e Luciana Mello ao lado da Orquestra Sinfônica de Heliópolis deu início a 20ª edição da Virada Cultural de São Paulo. Na fria noite deste sábado, 24, o Vale Do Anhangabaú, no centro, foi palco do primeiro dia do tradicional evento cultural paulista.
Os artistas apostaram em um repertório repleto de clássicos da brasilidade, com hits de Tim Maia, Adoniran Barbosa e Alcione.
Apesar do atraso, a movimentação no começo da noite no Palco Anhangabaú foi baixa. Mesmo na frente do palco principal, era fácil encontrar espaços para se alocar e observar os shows. Não havia qualquer dificuldade para se chegar até a grade principal, uma clara demonstração do baixo público do evento.
O acesso à região, que está cercada por tapumes e grades metálicas, só ocorreu às 17h10. A programação indicava que o início do evento seria às 17h, mas a liberação do público foi atrasada.
Quem chegou neste horário, no entanto, não encontrou dificuldade para entrar no evento. Para entrar na área que abriga dois palcos, era necessário passar por uma revista. A baixa quantidade de público, no entanto, não fez com que grandes filas fossem formadas na entrada da Arena.
As cenas de violência de 2022, onde arrastões marcaram a edição, ainda permanecem na mente dos paulistanos. No entanto, o policiamento ostensivo na região, uma marca das últimas edições do evento, parece ter surtido efeito na percepção de segurança do público. “A disposição das grades e a presença da polícia me deixa mais segura”, afirma a técnica de audiovisual Camila Torres, de 34 anos.
Para além da presença da polícia, com um efetivo de 10 mil profissionais de segurança para os 21 palcos espalhados pela cidade, a Virada de 2025 também tem 26 mil câmeras do Programa Smart Sampa, segundo a Prefeitura.
Outro fator que parece ter aumentado a sensação de segurança do evento foi a dispersão da Cracolândia ocorrida no último dia 13 de maio. “A gente fica mais seguro, né?”, disse a professora aposentada Cristiane Monteiro, de 56 anos, que veio ver o Belo em sua primeira Virada Cultural.
Se é bem verdade que o evento está mais seguro, ele parece cada vez mais distante da proposta original criada em 2005. No ano em que comemora 20 anos de existência, a Virada Cultural parece ter aberto mão do centro e da madrugada. Na noite de sábado, grandes shows como Luísa Sonza, Duda Beat e Iza estão espalhados por palcos nas região Norte, Oeste e Leste. Além disso, os horários das principais apresentações não invadem a madrugada e se limitam a começar até as 22h – algo que não ocorria alguns anos atrás.
A descentralização da Virada se tornou motivo de críticas nas redes sociais, mas nem todos os presentes se incomodaram com a novidade. “São Paulo é grande, sempre vai ter gente pra ver as coisas. Vale a pena espalhar”, afirmou a estudante Beatriz Valente, de 22 anos.
A nova disposição do evento, no entanto, obrigou os fãs de músicas a fazerem escolhas e definirem prioridades. No Anhangabaú, a maior atração era o cantor Belo, cujo show foi marcado para as 19 horas, mas também estava atrasado.