Os opositores ao golpe de Estado em Mianmar pintaram as ruas de Yagon de vermelho neste sábado (10) para denunciar a feroz repressão das forças de segurança, que deixou ao menos 40 mortos nas últimas horas, o que aumentou os apelos para que a ONU intervenha.

O embaixador de Mianmar na ONU, Kyaw Moe Tun, demitido pela Junta mas que permanece no cargo, pediu ao Conselho de Segurança da ONU para agir.

“Por favor, por favor, interfiram”, pediu o embaixador, que também pede uma “área de exclusão aérea” para contra-atacar as agressões do regime contra as minorias, sanções contra a junta e um embargo de armas.

Desde o golpe militar de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi, Mianmar está afetada por protestos diários nos quais morreram ao menos 618 civis, segundo a Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP).

A junta classifica as vítimas como “terroristas violentos” e contabilizou 248 mortos desde 1º de fevereiro, disse um porta-voz na sexta-feira.

Apesar do banho de sangue, os protestos e as greves continuam. Os manifestantes tentam frustrar a repressão com meios de ação alternativos.

Neste sábado, jogaram tinta vermelha nas ruas do centro de Yangon, perto da Pagoda Shwedagon, como parte de uma iniciativa chamada “Movimento Vermelho”.

“Vamos nos unir e mostrar com valentia em vermelho que não permitiremos que o regime ditatorial nos governe”, disse um estudante no Facebook.

Panfletos que diziam “Não nos governarão” foram espalhados em várias partes de Yangon. Em Mandalay (centro), foram colados na estátua do general Aung San, pai de Aung San Suu Kyi e herói da independência birmanesa.

A ex-líder civil Aung San Suu Kyi, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991, está incomunicável desde o golpe e é alvo de várias acusações judiciais.

As restrições da junta ao acesso à internet dificultam a circulação e a verificação das informações.

Apesar disso, neste sábado surgiram detalhes de um dia de violência em Bago (65 km ao nordeste de Yangon) que fez com que os moradores fugissem para as cidades próximas.

Ao menos 40 manifestantes morreram na sexta-feira na repressão das forças de segurança, que impediram os socorristas de recuperarem os corpos, disse um morador à AFP.

A imprensa local informou um número de mortos muito maior.