A violência avançará em parte da América Latina e do Caribe em 2026 devido ao aumento das atividades ilícitas e ao endurecimento da resposta dos países, pressionados pelos Estados Unidos, alertou a ONG Acled nesta quinta-feira (11).
“É provável que as respostas militarizadas ao crime organizado se estendam ainda mais à medida que os governos adotarem medidas de linha-dura contra a delinquência e os Estados Unidos exercerem maior pressão”, avalia esta ONG em seu relatório sobre os conflitos a acompanhar em 2026.
O governo de Donald Trump fez da segurança de seus interesses no continente americano sua prioridade número um e busca ao mesmo tempo combater a imigração, o narcotráfico e excluir seus rivais estratégicos da região.
Washington reforçou, assim, sua presença militar no Caribe, ampliou seu arsenal normativo, qualificando grupos criminosos como organizações terroristas, e aumentou a pressão sobre estas redes, mas também sobre os países que considera hostis, como a Venezuela.
“A pressão crescente dos Estados Unidos reforçou a propagação de políticas e discursos de segurança militarizados em toda a região”, assinala esta ONG americana, que registra as vítimas de conflitos em todo o mundo.
Para a Acled, esta tendência surge como consequência do aumento da violência de “atores armados e da internacionalização do crime organizado”.
“Os enfoques de linha dura contra a violência dos grupos criminosos não são novos e ganharam popularidade em toda a região, especialmente em Jamaica, El Salvador e Honduras”, lembra o informe.
“No entanto, a mudança de retórica dos Estados Unidos (…) animou países como Argentina, República Dominicana, Equador, Guatemala e Trinidad e Tobago a seguirem seu exemplo e declararem os grupos criminosos como organizações terroristas”, acrescenta.
Para a Acled, “as respostas militarizadas ao crime organizado provavelmente se estenderão ainda mais, à medida que os governos adotarem medidas de linha dura contra a delinquência e recorrerem a poderes de emergência”.
Segundo a ONG, esta situação poderia ocorrer em países que passaram recentemente pelas urnas, como Bolívia e Honduras, que se inclinaram para a direita; que estão em pleno processo eleitoral, como o Chile, onde as pesquisas de opinião apontam como vencedor o ultradireitista José Antonio Kast; e naqueles que terão eleições em 2026, como Costa Rica, Peru, Colômbia e Brasil.
“Os grupos armados também demonstraram uma capacidade considerável de adaptação frente ao aumento da pressão”, lembra a Acled, que teme que os Estados se tornem os principais atores da violência na região e alerta para o risco de abusos, como execuções extrajudiciais ou desaparecimentos forçados.
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