Viola Davis fez algumas reflexões sobre o racismo na indústria do cinema em uma entrevista organizada pela revista Variety em Cannes, na última sexta-feira, 20. Em um dos relatos, ela relembrou um episódio de preconceito por parte do diretor de uma produção na qual trabalhava, ao qual não citou o nome.
“Ele disse: ‘Louise!’. Eu o conheci por 10 anos e ele me chamou de Louise. Descobri que era pelo fato de o nome de sua empregada ser Louise. Eu tinha por volta de 30 anos àquela época, então já faz algum tempo, mas o que você tem que perceber é que essas microagressões acontecem o tempo todo”, afirmou.
A atriz também falou da escassez de papéis importantes para artistas negras: “Sei que quando deixei How To Get Away With Murder [série da qual foi protagonista] eu não vi muitas mulheres de pele negra em papéis principais na TV, e nem mesmo em serviços de streaming”.
Viola Davis usou o filme “Comer, Rezar, Amar”, em que atuou como coadjuvante, como exemplo. Para ela, caso a personagem de Julia Roberts fosse negra, não seria interessante para a indústria. “As pessoas não conseguem conciliar a negritude com o despertar espiritual e a sexualidade. É muita coisa para elas”.
“Se eu quisesse interpretar uma mãe de família que vive numa vizinhança pobre e que meu filho fosse um membro de gangue que morreu por um tiro, eu poderia. Se eu interpretasse uma mulher que está querendo se repaginar voando para Nice e dormindo com cinco homens aos 56 anos – parecendo comigo, eu teria dificuldades para fazê-lo, mesmo como Viola Davis”, disse.