Com um discurso de vinte páginas nas mãos, uma coroa de três mil diamantes na cabeça e o índice de popularidade de 76% nas ruas, a rainha da Inglaterra, Elizabeth II, cumpriu na quarta-feira 18 uma tradição que se repete anualmente desde o século 17: apresentou ao Parlamento britânico o programa de governo do primeiro-ministro David Cameron para os próximos doze meses. Ainda em meio às comemorações de seus 90 anos de idade completados há um mês (63 deles reinando), Elizabeth II poderia ter apresentado, como limita a Carta Magna, até 30 projetos – exibiu dez a menos. Os pontos de destaque foram o “endurecimento no combate ao terrorismo”, uma “ampla reforma do sistema prisional com olhar prevalente na reinserção social” e a criação da “British Bill of Rights” – trata-se de nova Carta de Direitos Humanos com maior independência em relação a que vigora na Europa. Falando-se nesse continente, eis um ponto que decepcionou os membros da Câmara dos Lordes e da Câmara dos Comuns: Elizabeth II somente arranhou o tema do plebiscito de 23 de junho que decidirá se a Inglaterra permanecerá ou não na União Europeia.

Troca-se deputado por rainha

Manteve-se na semana passada a tradição que remonta a 1642, quando o rei Carlos I ordenou a prisão de cinco deputados. Desde então, sempre que um rei pisa a Câmara dos Lordes, um parlamentar permanece como “refém” no Palácio de Buckingham e volta à companhia de seus pares somente após o retorno do monarca