A palavra “rigor” nunca fez parte do vocabulário do poeta carioca Vinicius de Moraes (1913-1980). Ele costumava tratar seus textos com a negligência de artista romântico. Acreditava na inspiração e deixava para trás o que tinha publicado. Em 1968, o crítico Afrânio Coutinho chamou o “Poetinha” para aprovar a edição das “Obras Poéticas”, que seriam lançadas naquele ano em papel-bíblia pela editora Aguilar. O poeta aprovou que Coutinho desmembrasse a obra em blocos temáticos, cada um deles iniciado por uma epígrafe.

O poeta na juventude: nova edição estabelece a ordem original dos lançamentos dos livros

A fórmula se oficializou e se repetiu em seis reedições. A cada tiragem, surgiam erros e emissões. Para corrigir as falhas, o poeta Eucanaã Ferraz foi chamado pela Nova Fronteira, da qual a Aguilar é subsidiária, para reorganizar de forma racional a obra.

Ferraz dividiu os dois volumes em capa dura acondicionados em uma caixa, respeitando os gêneros e a cronologia de cada edição. Dividiu os livros em quatro partes: música, poesia, prosa e teatro.

Há a inclusão de poemas desconhecidos e do musical “Pobre Menina Rica” (1963), em parceria com Carlos Lyra. O resultado é de um rigor que Vinicius aplaudiria.