Inspirar hábitos saudáveis para a vida real. Esse era o lema do Vigilantes do Peso, programa de emagrecimento que operou por cinco décadas no Brasil. Isso até a última semana, quando encerrou as atividades em solo nacional.

Subsidiária da norte-americana WeightWatchers, a companhia chegou ao País em 1974 com seu revolucionário sistema de pontos atribuídos aos alimentos de acordo com suas qualidades nutricionais.

Criado nos EUA em 1693 pela dona de casa Jean Nidetch — ela recrutou amigas para ajudarem-na a manter a dieta —, o método se espalhou mundo afora. Por aqui, as mensalidades acessíveis, reuniões e eventos se tornaram tradição.

Não à toa, o clima é de desolação entre os agora ex-clientes. E também de protesto, a começar pelo anúncio no site oficial.

“Infelizmente, tomamos a decisão de encerrar nossas operações no Brasil. Sabemos que isso pode ser decepcionante e agradecemos a todos os nossos dedicados colaboradores e leais membros assinantes por seu apoio ao longo de todos esses anos. Assinaturas serão canceladas 30 dias após o pagamento de sua próxima mensalidade”, informou a empresa. Nas redes sociais, as reclamações viralizam. Há quem queira continuar membro mesmo que para isso seja preciso comprar o serviço de outro país.

“A preferência dos consumidores por métodos de perda de peso voltou-se a aplicativos
sobre o tema.”
Rodrigo Neves, médico

Medicamentos em cena

Nos EUA o cenário é igualmente de crise. A começar pela saída da apresentadora Oprah Winfrey do Conselho de Administração, no qual ficou por dez anos.

Ela mesma eliminou em seu corpo cerca de 20 kg com o sistema, mas recentemente admitiu que recorreu a medicamentos. As ações despencaram.

E esse é o dilema atual do programa: a concorrência com a popularização de remédios como Ozempic e Wegovy. Mas não é somente isso.

“A evolução do mercado de saúde e bem-estar pode ter desempenhado um papel significativo. As preferências dos consumidores por métodos de perda de peso e gerenciamento de saúde evoluíram consideravelmente”, diz o médico Rodrigo Neves, especializado pela Associação Brasileira de Nutrologia.

Segundo ele, a crescente digitalização e a popularidade de aplicativos de saúde e fitness, que oferecem soluções personalizadas e de fácil acesso para manutenção de peso, podem ter impactado a demanda pelos serviços tradicionais. Faz sentido.

No ano passado, a Weight Watchers anunciou modernidades em busca de adaptação: planejamentos diversificados de perda de peso que englobam o uso de medicamentos se eles forem imprescindíveis.