A pressão para entrar em um curso de Medicina em uma universidade pública é enorme. Além da forte concorrência, é preciso manter um tempo livre para aliviar a mente e não se sobrecarregar. No lugar de assistir a séries de televisão, a agora estudante da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, Verena Paccola decidiu se inscrever em um programa da NASA, em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações para caçar asteroides através de um software instalado em seu computador. “Eu participei da primeira edição do Caça Asteróide, descobri que as inscrições estavam abertas e achei que seria uma boa distração durante os estudos e o isolamento da pandemia”, conta.

Dessa vez os objetos não foram descobertos observando o céu diretamente, mas sim por meio de um programa que transmitia imagens capturadas por um satélite localizado no Havaí, nos Estados Unidos, e enviados através do “International Astronomical Search Collaboration” (IASC/NASA). Os participantes então recebiam um treinamento sobre como analisar o movimento dos objetos celestes na tela do computador. Quando Verena notava a presença de algum astro em movimento e fazia uma análise numérica para ver se havia ali um padrão de asteroide. Os relatórios eram então checados pela Universidade de Harvard para a confirmação da descoberta. “Era igual o começo do filme ‘Não Olhe pra Cima’, quando a personagem localiza um grande asteróide”, brinca.

O programa contou com centenas de participantes de todas as idades, incluindo a alagoana Nicole Oliveira, de apenas oito anos, que descobriu 23 objetos. Na premiação que aconteceu em Brasília, os participantes receberam medalhas por seus achados e foi somente ali que a estudante ficou sabendo que receberia também um troféu. “Foi uma surpresa, fui chamada ao palco e fiquei sabendo que um dos asteroides que achei era raro”. Categorizado como “asteroide fraco”, faz parte de um grupo de objetos que podem colidir com a Terra. Porém, nada de pânico, a Nasa ainda estuda sua órbita para pesquisar sua dimensão, sua trajetória e também se há a possibilidade de colisão com o planeta. Convidada para ir até a sede da Nasa, no Texas, Verena diz que só irá se for durante as férias. Seu sonho é ser médica — e quem sabe um dia atuar no ramo da medicina espacial.