O PCC (Primeiro Comando da Capital) está sendo rachado por conta de uma briga silenciosa que está sendo travada nos bastidores. O programa Fantástico, da TV Globo, deste domingo, dia 13, mostrou vídeos que mostram a rivalidade dentro da cúpula da facção, expondo os impactos dessa disputa pelo poder para a segurança pública.
A principal ruptura ocorreu a partir de uma grave acusação de “caguetagem” (delação), um crime inaceitável no mundo do crime. Abel Pacheco, conhecido como Vida Loka, acusa Marcos Willians Camacho, o Marcola, de ter entregado Roberto Soriano, o “Tiriça”.
Vida Loka e Soriano reagiram depois de ouvirem uma gravação de uma conversa de Marcola com o chefe de segurança do Presídio Federal de Porto Velho, em 2022. Nela, Marcola dá a entender que Soriano seria o responsável pelas mortes de funcionários penais federais.
O confronto foi exposto durante o júri em que Soriano esteve no banco dos réus pela execução do policial penal federal Alex Belarmino. Ele morreu em 2 de setembro de 2016, a caminho do trabalho. Nove meses depois, a psicóloga Melissa de Almeida Araújo também foi morta.
A polícia prendeu os executores de Belarmino, que confessaram ter recebido ordens das lideranças do PCC para matar servidores penais federais aleatoriamente. Claudemir Guabiraba assumiu ter dado a ordem de dentro de um presídio estadual. O Ministério Público Federal acusa Roberto Soriano como o mandante de ambas as execuções. Soriano nega.
Em uma conversa com seu advogado, Marcola disse que ajudou a controlar uma rebelião no Complexo Penitenciário de Taubaté em 2001, sendo tratado como “filho” por um diretor, para quem ele “administrava a penitenciária”. Para Vida Loka, as falas são um “tapa na cara do crime”, pois “bandido é bandido” e “polícia é polícia”.
Vida Loka e Andinho, Wanderson Nilton de Paula Lima, buscaram explicações de Marcola, que inicialmente disse que o áudio era falso. No entanto, um exame técnico da gravação confirmou que era uma “gravação bruta” e que não havia sido manipulada. Sendo assim, Vida Loka decretou: “Nós excluímos Marcola do mundo do crime”.
Mas a exclusão não foi unânime. Enquanto Soriano, Vida Loka e Andinho dizem ter sido “decretados” (jurados de morte) por não aceitarem a manipulação, a maioria dos membros do PCC “na rua” ficou do lado de Marcola.
Soriano foi condenado a 23 anos e 5 meses de reclusão. A defesa dele diz que vai recorrer, alegando que não há provas de que ele mandou matar os policiais penais federais, e que as delações premiadas foram “construídas” para mencionar seu nome.