Será que eu tenho TDAH? É o que você pode estar se perguntando ao ver tantos posts sobre o assunto nas redes sociais. Mas, embora o aumento da informação disponível tenha ajudado muita gente a chegar ao diagnóstico, isso não significa que todo conteúdo publicado é confiável.

É o que mostra um estudo canadense que analisou os 100 vídeos mais populares publicados no TikTok num dia qualquer de 2021 com a #adhd — sigla em inglês para Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade.

Segundo os pesquisadores, mais da metade dos vídeos analisados foram classificados como errôneos.

Para o psiquiatra e neurocientista Bruno Terra, o número é alarmante, pois pode levar a um problema sério: o autodiagnóstico.

“É uma coisa que tem acontecido muito e tem nos deixado preocupados. Então a pessoa vê alguns elementos no vídeo, se identifica com aquilo e já acredita que tem o diagnóstico de TDAH. Só que não é bem assim”, explica Terra.

Dos 100 vídeos analisados pela pesquisa, apenas 21% foram considerados úteis.

Sendo que, do total, 89 foram publicados por leigos e 11 por profissionais de saúde.

Mas, se você pensa que o vídeo é confiável só porque foi criado por alguém da área, é melhor pensar de novo.

27,3% do conteúdo analisado nesse recorte foi considerado errôneo.
Um número alto, mas não tão alto quanto os vídeos com informações errôneas publicados por criadores de conteúdo: 55,1% deles foram classificados assim.

“Embora com uma menor ocorrência, os profissionais de saúde também estavam postando informações que não eram tão condizentes: tratamentos que não têm comprovação científica e também algumas postagens tendo uma postura desencorajadora quanto ao uso de determinadas medicações, sendo que, dependendo da medicação, pode ser um grande divisor de água para a vida do indivíduo”, destaca Terra.

E essa imprecisão também está presente fora das redes sociais, podendo levar a diagnósticos errôneos.

“Alguns profissionais têm alguns conceitos falsos a respeito do TDAH que foram muito difundidos e que não correspondem à realidade, como se TDAH fosse uma condição apenas de crianças. Ou se a pessoa teve algum sucesso na vida, vamos supor, foi aprovado num concurso, fez faculdade, como se aquilo descartasse o diagnóstico. A gente não tá aferindo o sucesso ou não da pessoa. A gente tá aferindo a dificuldade que ela teve para passar por aquela jornada comparativamente com os pares dela”, afirma Terra.

Ou seja, se você desconfia que possa ter TDAH, a dica é: procure um profissional qualificado para te dar um diagnóstico preciso. Quanto mais cedo, melhor.

O diagnóstico é a porta para o início de uma nova vivência de si e dos sintomas. Ao invés de ela interpretar que ela tinha notas ruins porque era preguiçosa e burra, ela vai entender que aquilo foi decorrente das dificuldades que ela tinha do TDAH”, explica Terra.

E você? Desconfia que tenha TDAH também? Ou já recebeu seu diagnóstico? Conta para a gente nos comentários.