Vídeos com histórias do design italiano fazem sucesso na web

Luciana Ribeiro SÃO PAULO, 20 AGO (ANSA) – Por Luciana Ribeiro – Há mais de um século, a Itália encanta e provoca o mundo pela originalidade e elegância visionária de seu design. Durante a pandemia do novo coronavírus, a história, a tradição e curiosidades de diversos objetos icônicos da cultura italiana ganharam repercussão mundial nas redes sociais, confirmando que muitos itens nunca saem de moda.   

Enquanto a Itália estava em lockdown para conter o novo coronavírus, a jornalista e especialista em design Chiara Alessi resolveu aproveitar o tempo de isolamento social para sintetizar as histórias de objetos, ferramentas, máquinas, móveis e acessórios icônicos em vídeos de dois minutos publicados em sua conta no Twitter. O projeto foi batizado de “Design de Pijama”.   

“Antes do lockdown, eu estava trabalhando em uma espécie de inventário dos 80 objetos mais significativos da história italiana do século 20. São coisas que têm a ver com design, mas não apenas isso”, explicou Alessi à ANSA, ressaltando que teve a ideia de contar para cada item “uma pequena e significativa história” com “aspectos negligenciados, anedotas e curiosidades”.   

A jornalista já abordou objetos do cotidiano italiano, como o frasco de Bialcol, cujo formato da tampa é inspirado nos chapéus dos trabalhadores sanitários de antigamente. Além disso, falou sobre coisas que fazem parte da história do design, como a poltrona Sacco, da Zanotta, o espremedor Juicy Salif, desenhado por Philippe Starck, e o abajur Eclisse.   

Entre os vídeos mais populares está o da Moka – Alessi é bisneta do criador da célebre cafeteira, Alfonso Bialetti, que inventou o produto em 1933.   

A iniciativa foi tão bem aceita pelos internautas que chegou também ao Brasil, por meio da publicação de 20 vídeos nas redes sociais do Consulado-Geral da Itália em São Paulo, do Instituto Italiano de Cultura na capital paulista (IIS-SP) e do Instituto Europeu de Design (IED).   

Para Alessi, o sucesso dos ícones “made in Italy” está relacionado ao “otimismo da era da reconstrução italiana do pós-guerra, à inteligência, ao domínio das técnicas, ao investimento por parte das indústrias, à consolidação de uma forte relação entre empresas e intelectuais, à irreverência e ao saber fazer bem”.   

“E, claro, também à sorte, porque a criatividade sem método ou o método sem engenhosidade não vão longe. Todos esses aspectos estão ligados ao sucesso do design italiano no mundo”, acrescentou.   

Segundo Alessi, essa história começou ainda na década de 1930, mas “decolou” no pós-guerra graças a uma “geração de arquitetos, artesãos e empresários que lideraram a reconstrução cultural e econômica da Itália”. “E, na verdade, os produtos do design italiano que continuam sendo os mais celebrados no exterior são aqueles ícones que fizeram história entre as décadas de 1950 e 1990”, disse.   

De acordo com a jornalista, a pandemia mostrou que muitos objetos que nos circundam são “absolutamente supérfluos”, enquanto outros são “absolutamente fundamentais”. E isso vale não apenas para itens específicos, mas também para o lar, que virou local de relacionamento, trabalho, diversão e estudo por causa do lockdown.   

“Ter ambientes mais ou menos densos de coisas bem ou mal projetadas influenciou na qualidade de nossos dias”, afirmou a italiana. De acordo com Alessi, “um bom design é o que pode nos permitir esquecê-lo”. “Acredito que esse poderia ser um empurrão para o design contemporâneo, em direção não ao fazer novamente e em mais quantidade, mas ao fazer sempre melhor”, finalizou.   

(ANSA)