08/04/2022 - 12:12
Uma equipe do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) confundiu uma cobra píton com uma jiboia e soltou a serpente em uma área de mata, no Gama (DF), na quarta-feira (6). De acordo com a PM, a cobra, de mais de 2 metros de comprimento, foi encontrada próximo ao Balão do Periquito.
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Ainda segundo a corporação, a equipe analisou que o animal aparentava estar em boas condições e, por isso, foi solto. Nas redes sociais, a PM chegou a divulgar um vídeo do momento da soltura da serpente, informando que se tratava de uma jiboia. No entanto, a gravação chegou até biólogos que apontaram que a serpente era na verdade uma píton, espécie exótica original da Ásia.
Em uma postagem no Twitter, o estudante de ciências biológicas na Universidade Federal de Goiás (UFG) Matheus Reis ressaltou que a soltura da serpente pode trazer riscos para a fauna.
“A serpente em questão se trata de uma píton (Python bivittatus) serpente asiática com um potencial invasor enorme, totalmente prejudicial a nossa fauna”, afirmou. Para ele, a cobra deveria ter sido levada a um zoológico ou instituto de conservação.
Antes de soltar qualquer animal na natureza, é necessário averiguar a espécie do animal, área de distribuição natural, e estado de saúde em que esse animal se encontra. Se qualquer algum desses quesitos estiver em ordem, esse animal deve se mantido em cativeiro.
— Legião Escamada 🐍🦎🐊🐢 (@legiaoescamada) April 7, 2022
Em entrevista ao G1, o biólogo Marco Freitas disse que, apesar de não ser venenosa, a píton pode matar outros animais por asfixia e causar um desequilíbrio ambiental no Cerrado. “Nos Estados Unidos, é um dos maiores problemas de introduções de espécie exótica àquele país, causando diversas mortes de cães e inclusive acidentes com crianças. Isso acarreta um grande risco da espécie se adaptar e se tornar mais uma praga invasora no Brasil”, afirmou o biólogo.
Em nota ao G1, a Polícia Militar reconheceu o erro e afirmou que está em busca do animal novamente.
Leia a íntegra da nota da PMDF
“A Polícia Militar do Distrito Federal, por meio do Batalhão de Policiamento Ambiental, realiza um trabalho de excelência o qual tem resultado em altos índices de produtividade. Apenas nesses três primeiros meses de 2022, 126 cobras foram resgatadas. Em 2021 foram 512 cobras.
Com o apoio do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas) e contando, muitas vezes, com a boa vontade de clínicas privadas, o batalhão realiza o manejo desses animais na tentativa de salvar a todos de forma que voltem saudáveis ao seu habitat natural.
O Batalhão, juntamente com o Zoológico e demais órgãos ambientais, já está à procura da Píton. Informamos que a referida cobra era extremamente calma, sendo indício de que era criada em cativeiro. Ressaltamos que alguns estados já estão autorizando o comércio desse animal.”