O deputado estadual João Henrique Catan (PL-MS) causou polêmica, na terça-feira (17), ao efetuar vários disparos com uma pistola durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul. Os parlamentares votavam um projeto de lei que reconhece o risco da atividade de atirador desportivo no estado. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Ao proferir seu voto, Catan, que é autor do projeto e estava em um estande de tiro, afirmou que os disparos eram uma “advertência ao comunismo”. “Esse projeto é um tiro de advertência no comunismo e na mão leve que assaltou o país. Por isso, uma salva de tiros, uma salva de sim”, disse, atirando em uma imagem com uma foice e martelo, símbolo de partidos comunistas e de esquerda.

Catan ainda afirmou que o objetivo da lei é “armar o cidadão de bem, inibir invasões ilegais, diminuindo a criminalidade e prevalecendo o direito de propriedade”. “O povo armado jamais será escravizado”, acrescentou. O projeto foi aprovado por 16 votos a 3, e segue para sanção do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Logo após os disparos é possível ouvir algumas risadas. No entanto, o presidente do Legislativo estadual, Paulo Corrêa (PSDB), condenou a atitude. “Não pode fazer isso, houve um exagero”, disse. Ainda na sessão, alguns deputados se posicionaram contra a atitude de Catan.

“Qual é a lógica de fazer isso? Meu repúdio a esse tipo de voto e ninguém vai me intimidar aqui”, disse Paulo Duarte (PSB). Ele afirmou que se sentiu desrespeitado e que tal atitude incentiva a violência.

“Isso aqui não é um teatro. Da próxima vez, se quiser se aparecer, pendure uma melancia no pescoço. Temos assuntos mais importantes do que debater armas, assuntos como fome, miséria, desemprego, violência contra a mulher, a LGBTfobia”, afirmou Pedro Kemp (PT).

Tiro foi comemoração

Apesar da polêmica, nenhum pedido de apuração da conduta do parlamentar foi solicitado à Comissão de Ética da Assembleia. Em nota à Folha, Catan explicou que decidiu comemorar o seu voto disparando alguns tiros em um clube de tiro e tendo como alvo “apenas um símbolo que representa tudo aquilo com o qual eu não concordo, o comunismo”.

“Não concordo com invasões, com o desrespeito à propriedade privada. Armando pessoas de bem, aqui em Mato Grosso do Sul, diminuíram, e muito, as invasões, furtos e roubos, principalmente em áreas rurais, refletindo-se também na diminuição da criminalidade”, justificou.

O parlamentar ressaltou que a aprovação do projeto é uma conquista em caráter definitivo para acabar com a insegurança jurídica quanto ao porte de arma dos atiradores.