A comandante de pelotão ucraniana Mariia queria ser soldado quando era garotinha, mas em vez disso ela cresceu e se tornou advogada.

Por 10 anos ela trabalhou no setor jurídico – até que finalmente conseguiu realizar seu sonho de ingressar no exército.

Em 2014, o conflito eclodiu na Ucrânia, com separatistas apoiados por Moscou lutando contra as forças do governo no Donbas, e a Rússia anexando a Crimeia.

Logo, mais oportunidades começaram a se abrir para as mulheres no exército ucraniano.

Mariia, que não quis compartilhar seu sobrenome por questões de segurança, finalmente se juntou em 2018, após dar à luz sua filha.

Nesse ano, as mulheres ucranianas receberam o mesmo status legal que os homens nas forças armadas.

Mais de 30 mil mulheres se tornaram veteranas de combate no período desde 2014 até a invasão da Rússia em fevereiro.

Esses números dispararam desde que a Rússia lançou sua “operação militar especial”.

Embora muitas soldados do sexo feminino digam que enfrentaram o sexismo de colegas, elas são amplamente aceitas e realizam as mesmas tarefas que seus companheiros do sexo masculino – incluindo papéis na linha de frente.

“Se uma mulher desempenha bem suas funções e pode fazê-lo, não faz diferença quem faz, homem ou mulher”, diz Mariia.

Nascida em uma família de militares, ela sempre viu os soldados como pessoas honradas, lutando pela justiça e pelo país.

Inicialmente, ela foi enviada para trabalhar em comunicações, um papel comum para soldados do sexo feminino, mas logo ficou entediada.

Nos anos seguintes, ela trabalhou como instrutora de armas e, em 2021, foi promovida a comandante de pelotão.

Ela passou a lutar ao lado do marido, que também é soldado.

Agora, Mariia lidera uma brigada na linha de frente da maior guerra terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Lutando no Donbas, ela e seu pelotão estão defendendo a região contra a feroz ofensiva da Rússia para assumir o controle deste centro industrial.

Eles não viram ação intensa, como as batalhas perto de Sievierodonetsk ou Lysychansk, mas Mariia sabe que sua posição pode se tornar um ponto quente a qualquer momento.

Apesar dos recentes ganhos da Rússia no leste, ela diz que o moral de seus soldados continua alto.

“Todo mundo está pronto para lutar, ninguém vai desistir”, explica ela.

Mariia diz que a Ucrânia tem homens suficientes para preencher as fileiras das forças armadas.

E embora não haja necessidade real de as mulheres se alistarem, ela acredita que mulheres como ela, que realmente querem se alistar nas forças armadas, deveriam fazê-lo.

“Deixe-os fazer isso, deixe-os entrar. Quanto mais mulheres nas forças armadas, melhor”, diz ela, acrescentando que serviria como “motivação para os homens. Será uma competição honesta”.