ROMA, 15 JUN (ANSA) – Dos bordões sobre a crise migratória à defesa da gastronomia italiana, do desalojamento de acampamentos nômades ao apoio a um policial ferido, dos incidentes diplomáticos à defesa da “liberdade de educação sanitária” das famílias.   

Desde a posse do novo governo, em 1º de junho, o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, vem conseguindo ditar, a seu modo, a agenda política nacional, colocando seus aliados em segundo plano e chegando até mesmo a dar opiniões sobre assuntos de outras pastas – ele também é vice-presidente do Conselho dos Ministros (CDM).   

A intensidade do secretário da Liga começa a preocupar – e não pouco – seus aliados, ou seja, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que, mesmo sendo o “acionista de maioria” da coalizão, não consegue imprimir sua cara ao governo.   

“Luigi Di Maio [líder do M5S] frente ao tornado Matteo Salvini”, escreveu o jornal francês “Le Monde”. Di Maio, ministro do Trabalho e do Desenvolvimento Econômico e também vice-presidente do CDM, reuniu sua equipe nesta sexta-feira (15) e mostrou preocupação com a excessiva visibilidade midiática do colega.   

O líder do M5S colocou a culpa na imprensa, atraída pelas declarações bombásticas do ministro do Interior, mas chamou os seus a “reagirem” para impulsionar as bandeiras do movimento antissistema, como a “renda de cidadania”, que prevê o pagamento de até 780 euros por mês para pessoas em condição de pobreza.   

Di Maio quer que seus funcionários descubram todas as formas de arcar com os custos do programa para lançá-lo o mais rapidamente possível. O secretário da Liga, por sua vez, não parece disposto a se segurar, chegando quase a eclipsar a reunião do premier Giuseppe Conte em Paris, ao pedir para ele “colocar as bolas para fora” para “exprimir o orgulho e a dignidade de um povo”.   

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Ao mesmo tempo, não pretende dar sinais de hostilidade. Ao comentar o escândalo de corrupção envolvendo o estádio da Roma, projeto aprovado pela prefeitura, comandada pelo M5S, Salvini usou tons moderados. “Não sou juiz nem advogado, se houve erros, é justo que quem errou pague”, afirmou, sem apontar culpados.   

De qualquer forma, Salvini age com a certeza de quem tem todas as cartas na manga na partida velada que joga contra Di Maio. As pesquisas mostram que ele é quem mais teria a ganhar caso houvesse novas eleições, com o M5S estável como primeiro partido do país, mas já enxergando a Liga no retrovisor. (ANSA)


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