O vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza (MDB), agradeceu a suspensão da dívida do estado com a União, mas disse que a medida proposta pelo governo federal não será suficiente. A declaração foi dada em entrevista à IstoÉ.

Segundo Souza, a suspensão é válida, mas o desejo do governo estadual era que os R$ 11 bilhões fossem perdoados pela União. De acordo com o emedebista, há preocupações sobre como o estado estará daqui a 36 meses.

“A cada hora que passa, alguma coisa nova é destruída. O Rio Grande do Sul é a 4ª economia nacional, com 11 milhões de brasileiros que aqui moram, que precisam urgentemente de uma reconstrução. Isso não será possível sem a ajuda do governo federal”, afirma.

“Estamos solicitando que o governo considere quitada a dívida durante a suspensão do pagamento das parcelas. Nós não vamos deixar de gastar o dinheiro da parcela, vamos ter que usar o dinheiro para reconstruir o estado. De certa forma, seria uma maneira do governo federal estar enviando recursos para cá. Ou seja, além de tudo que foi anunciado, queremos que o período seja considerado quitado”, conclui.

Nesta semana, o governo federal anunciou a suspensão da dívida de R$ 96 bilhões durante três anos. Além dos R$ 11 bilhões adiados, o governo prometeu perdoar os juros sobre as parcelas, cerca de R$ 12 bilhões.

Souza ressaltou que serão necessários mais auxílios para reconstruir o estado. Sem citar estipular valores concretos, o vice de Eduardo Leite (PSDB) acredita que será necessário mais pelo menos R$ 50 bilhões para retomar as operações do estado. Só em infraestrutura, são esperados gastos de cerca de R$ 20 bilhões.

Assista a entrevista completa:

“Primeiro é a questão da dívida. O segundo é o envio massivo de recursos para que o Rio Grande do Sul faça obras de reconstrução. O cálculo preliminar está em R$ 20 bilhões em infraestrutura. Os R$ 11 bilhões não serão suficientes”.

O emedebista ainda cobrou ações mais “enérgicas”, como as adotadas na pandemia de Covid-19. Segundo ele, são necessários auxílios para as empresas que perderam as operações e vendas com as enchentes.

“Na pandemia, não tivemos a destruição de agora. A ação tem que ser mais efusiva que na pandemia, na nossa opinião. Inclusive com auxílios emergenciais não só ao estado, municípios, mas também para pessoas e empresas. Muitas empresas não conseguem voltar a funcionar, foram inundadas, perderam equipamentos. Os funcionários não conseguem sair de casa”, declarou.

À IstoÉ, o vice-governador do Rio Grande do Sul eximiu o governo estadual da culpa pela gestão do muro do Rio Guaíba, mas garantiu a participação na concessão do Cais Mauá, responsável pelo plano antienchente em Porto Alegre. Outra medida cogitada é a retirada de comunidades de locais de risco para evitar novos deslizamentos.

“O muro da Mauá e todo o sistema de prevenção é administrado pela prefeitura. O que temos em nosso horizonte é a concessão do Cais Mauá. Foi feito um leilão e essa concessão prevê um sistema mais moderno que será posto em funcionamento pelo concessionário de diques e prevenção de enchentes na capital”, afirmou.

As chuvas no Rio Grande do Sul já provocaram 151 mortes e 806 feridos. Segundo a Defesa Civil, 104 pessoas seguem desaparecidas e 538 mil estão desabrigadas ou desalojadas.