Bolsonaro tem medo até da sombra. Acha que todos os que o rodeiam querem derrubá-lo. Foi assim com Hamilton Mourão. Considerou que o general queria tirá-lo do poder para assumir seu lugar e hoje não o chama nem mais para reuniões ministeriais. Na hora de formar a chapa para a reeleição, imaginou vários políticos para vice e até uma mulher (Tereza Cristina). O Centrão (Ciro Nogueira) insistiu em um nome do grupo. Mas em todos esses casos o ex-capitão viu o risco de sofrer impeachment e o vice assumir. Por isso, a decisão foi escolher um general para a função. Entende que os militares são mais ordeiros, menos afeitos a traições e mais íntegros. Pensou nos generais Heleno ou Braga Netto. Ficou com o segundo porque o primeiro anda cada dia mais ausente do Planalto.

Demissão

Para se habilitar a ser vice de Bolsonaro, Braga Netto tem que se desincompatibilizar do governo até o próximo dia 2. Em seu lugar no Ministério da Defesa, o presidente deve nomear o comandante do Exército, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, aquele mesmo que criticou o ex-capitão por conta da sua má conduta na pandemia. Águas passadas.

Coletes

Braga Netto tem algumas manchas no passado. Em 2018, quando era comandante do gabinete de intervenção federal no Rio, comprou 9.360 coletes à prova de bala da CTU Security ao custo médio de R$ 4,3 mil cada unidade. No primeiro mês do governo Bolsonaro, foram pagos R$ 35,9 milhões, mas depois o pagamento foi cancelado e o contrato, suspenso.

O golpe do presidencialismo

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Retrato faladoEm meio à paralisia do Congresso, sem a votação das reformas Tributária e Administrativa, soa como golpe a criação de uma comissão para a adoção do semipresidencialismo por parte do deputado Arthur Lira, presidente da Câmara. O sistema objetiva reduzir os poderes do presidente, dando força maior aos parlamentares, que escolheriam o primeiro-ministro. Querem transformar o presidente em bobo da corte.

“A Petrobras virou um clubinho que só pensam neles, jamais no Brasil” (Crédito:Adriano Machado )

Bolsonaro confessa não ter força para mudar a direção da Petrobras, embora deseje trocar o presidente da estatal, o general Joaquim Silva e Luna, acusando-o de não tomar nenhuma medida para reduzir os preços dos combustíveis. Todos sabem que
a alta está sendo impulsionada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. “Impagável o preço do combustível no Brasil e a Petrobras não colabora com nada. Muita gente me critica, como se eu tivesse poderes sobre a Petrobras, e não tenho”.

Estica e puxa

A política econômica do governo anda totalmente esquizofrênica. Enquanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acertadamente, aumenta a taxa de juros para conter a inflação (com os juros mais altos se inibe o consumo e os preços caem), o presidente Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes fazem exatamente o contrário: aumentam o dinheiro em circulação, por meio das benesses dadas eleitoralmente, e com isso a inflação sobe. Se continuarmos nesse movimento insano, vamos ver a taxa Selic crescer em praticamente todas as reuniões do Copom. Na última sessão, os juros subiram 1% (para 11,75%) e, em maio, deverão aumentar mais 1%, chegando a 12,75%.

Campeão

Desde março do ano passado, as taxas de juros subiram 9,75 pontos percentuais, o maior crescimento desde abril de 2013 no governo Dilma. No mundo, o Brasil é o que tem a maior taxa real de juros, superando a Rússia, Colômbia, Chile e México, que até pouco tempo estavam bem à nossa frente.

O sanfoneiro vai dançar

Alan Santos/PR

O ministro do Turismo, Gilson Machado, deseja ser candidato ao Senado por Pernambuco. Sem nenhum traquejo político, o sanfoneiro tem tudo para quebrar a cara. A vaga para o Senado será disputada pelo governador Paulo Câmara (PSB) e Marília Arraes (PT). Além dele, outros oito ministros deixarão o governo para se candidatarem a senador ou a governador.

Fuga das mulheres

Três mulheres deixarão Bolsonaro para tentar vaga no Senado: Damares Alves (Amapá), Flávia Arruda (DF) e Tereza Cristina (Mato Grosso do Sul). Outros quatros largam o capitão para disputar os governos estaduais: Tarcísio Freitas (São Paulo), João Roma (Bahia), Onyx Lorenzoni (Rio Grande do Sul) e Rogério Marinho (Rio Grande do Norte).

Cansei!

Vinicius Loures

De tanto levar rasteiras no PT, a deputada Marília Arraes resolveu deixar a sigla e se filiar ao Solidariedade, partido pelo qual deve ser candidata ao Senado na chapa que terá Raquel Lyra (PSDB) como candidata ao governo de Pernambuco. Ela sai do PT porque o partido no estado já a tirou da disputa pelo governo estadual e agora quer rifá-la do Senado também.

Toma lá dá cá

Plínio Valério, senador pelo PSDB-AM (Crédito:Roque de Sá)

Quais são as alternativas de modelos sustentáveis para a Amazônia?
O modelo da Zona Franca preserva a floresta, mas ela não pode ficar intocada. Essa hipocrisia nos impede um pouco de crescer. A produção de alimentos como pescados, por exemplo, é um bom mercado nacional e mundial.

De que forma o Amazonas foi prejudicado pelo governo Bolsonaro?
Estamos tendo prejuízos com a redução de 20% do IPI para a Zona Franca de Manaus e com a diminuição das alíquotas dos importados.

O senhor acredita que a terceira via terá apenas um candidato na disputa presidencial?
A união em torno de uma candidatura única não é a tradição da política brasileira. Doria é competitivo? Vou votar nele e pedir voto para ele no estado.

Rápidas

* Tarcisio de Freitas terá dificuldades na campanha para governador de São Paulo. É carioca e torcedor do Flamengo. Desconhece a capital e terá problemas para chegar a Sapopemba. No passado, houve candidato que perdeu a eleição por não saber onde ficava a região.

* O senador Alessandro Vieira (SE) trocou o Cidadania de Freire para ingressar no PSDB. Os dois partidos já estavam unidos em federação. Ele será o oitavo senador tucano. Aumentará a bancada de Doria no Congresso.

* A atriz Fernanda Montenegro, 92, assume nesta sexta-feira, 25, uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). O fardão foi confeccionado pelo figurinista Marcelo Pies. O discurso de recepção será feito por Nélida Piñon.

* Na cerimônia de filiação de Alckmin ao PSB, nenhum deputado ou senador do PSDB acompanhou o ex-governador na mudança de partido. Ele só levou alguns ex-secretários de estado e mesmo assim sem expressão nacional.