Com a pandemia, o automóvel ganhou novas funções que não as habituais de condução: foi utilizado para se assistir a filmes em drive-ins e shows em estádios abertos, também conduziu espectadores na visita de uma exposição de quadros e até serviu de poltrona privilegiada na exibição de uma peça de teatro encenada ao vivo em um estacionamento fechado. “Foi quando buscamos criar uma experiência mais sensorial, que levasse o público a uma outra dimensão, utilizando tecnologia de ponta”, conta Bruno Junqueira, da Maze FX, que se uniu a Camila Putignani, da Mill Ideas, para criar o espetáculo Vianova e os Viajantes do Espaço.

A estreia ocorre no próximo dia 11 e será em um local inusitado: em uma construção especialmente levantada em uma grande área (6 mil m²) ao lado do Ginásio do Ibirapuera. Ali, em sessões contínuas, as pessoas acompanharão uma história que, além de entreter, também terá um cunho educativo. Vai funcionar assim: durante 40 minutos, um conjunto de quatro veículos vai passar por seis estações onde, em cada uma, um trecho da história será contado.

Logo na primeira estação, o público (são permitidas no máximo quatro pessoas em cada carro) vai conhecer Dumont, mulher entusiasta da pesquisa espacial e que dedicou sua vida a experiências que permitissem à humanidade viajar ao espaço. É ali, em sua antiga fábrica e auxiliada por dois ajudantes, Santos e Albert, em que ela finalmente realiza o sonho de lançar uma aeronave. Enquanto Dumont será representada por uma animação, os auxiliares são interpretados por atores: Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues.

“Essa – como em todas as outras estações – estará equipada com equipamentos de alta tecnologia, que vai permitir ao público ter a sensação de estar no foguete no momento da decolagem”, conta Camila, cuja empresa se uniu à de Junqueira para formar a Road Tour Experience, companhia de espetáculos especializada em entretenimento sensorial. É justamente isso o que é prometido ao espectador: rodeado por telas de LED que vão projetar a preparação desse foguete, ele vai ouvir o forte barulho característico desse tipo de lançamento, divulgado por potentes caixas que fazem o som preencher todo o espaço. “Haverá ainda a liberação de uma fumaça, simulando o lançamento do foguete, enquanto os telões trazem imagens da subida ao céu”, conta Rodrigo Biondi, diretor de Operações e Produção. “E os carros das pessoas até sentirão um leve tremor.”

A intenção é permitir que o espectador se sinta, de fato, dentro de uma nave espacial. Para isso, foi preciso desenvolver uma parafernália eletrônica que simulasse tal efeito. Assim, foi preciso que outras duas empresas se juntassem ao projeto: a Apple Produções, fornecedora de equipamentos audiovisuais, e a 2R Cenografia.

A experiência na primeira estação dura cerca de 4 minutos e termina quando a nave aterrissa em outro planeta. “Nesse momento, os quatro veículos são convidados a seguir para o próximo trecho – nesse trajeto, haverá algumas imperfeições no piso para que o balançar do automóvel simule o passeio por um terreno irregular, como o da Lua”, explica Junqueira.

O projeto nasceu em maio, a partir de um insight de Camila: já que as pessoas estão buscando diversão dentro de seus carros, por que não criar um espaço no qual a experiência fosse mais imersiva que um filme em um drive-in ou um show em um estádio? A partir dali, foi-se criando uma rede de parceiros, que foram aprimorando o projeto. Assim, o roteiro foi concebido por Deh Rodrix, enquanto a direção musical tem as assinaturas de Natan Bádue e Daniel Tauzig.

Todo o trajeto dos carros é observado por um centro de controles, repleto de computadores, onde eventuais problemas serão detectados e solucionados. “Teremos uma equipe de monitores formada por jovens das comunidades de Paraisópolis e Vietnã, que vão nos auxiliar”, conta Biondi.

O circuito completo deve durar cerca de 40 minutos – assim, haverá sessões contínuas a partir das 9h até as 21h (cada carro paga o ingresso único de R$ 220, à venda no site www.sympla.com.br). Em seguida, os visitantes são encaminhados para uma tenda, onde podem fotografar e filmar em cenários da história. Também haverá espaço para a compra de lembranças e outro, Food Park, com opções gastronômicas que poderão ser consumidas em mesas ou levadas.

“O passeio é semelhante aos oferecidos nos parques temáticos dos Estados Unidos”, comenta Camila que, ao lado dos sócios, deseja levar a experiência para o Rio, além de países europeus e árabes. “Basta um bom espaço que montamos nosso circo tecnológico”, brinca.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.