O diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, disse nesta quinta-feira, 21, que a dinâmica da inflação segue favorável e confirmou que o IPCA deve encerrar o ano abaixo do piso da meta, de 3%. O cenário de mercado do BC aponta para uma inflação de 2,8% este ano.

“Esse processo e desinflação tem sido afetado pelos preços de alimentos, que rumam para uma deflação de 5% neste ano, após uma inflação de 10% no segmento em 2016. Mas temos destacado que o processo é bem mais disseminado que isso”, avaliou, ao comentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta pelo BC.

Segundo Viana, as projeções mostram que a inflação convergirá para patamares mais próximos do centro da meta de 4,5% em 2018, e nos anos seguintes. “Em todos os cenários também se observa uma volta da inflação para níveis em torno das metas de 2019 e 2020”, completou.

Ele destacou que os cenários que levam em consideração uma taxa de juros constante de 7,00% ao ano mostram uma inflação maior em 2019 e 2020. “Já os cenários com os juros variando conforme a pesquisa Focus considera uma trajetória de alta da Selic para 8% naquele período, por isso o resultado é uma inflação menor”, explicou.

PIB para 2018

Mas Viana evitou responder sobre as razões para que a projeção de autoridade monetária de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018 em 2,6% seja menor que os 3% esperados pelo Ministério da Fazenda.

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“É natural que haja diferenças de previsão neste horizonte. Não vejo diferença qualitativa. É uma economia se recuperando e ganhando tração”, respondeu.

Segundo ele, é importante a continuidade do esforço de aprovação das reformas estruturais para a manutenção do ambiente com inflação baixa e taxas de juros menores. “Equacionar a trajetória das contas públicas é importante para a sustentabilidade da economia no longo prazo”, acrescentou. “O que importa é a disposição dos investidores de financiarem o déficit do País. Temos enfatizado a importância desse canal no longo prazo mais do que o efeito no curto prazo”, completou.

O diretor de política econômica do Banco Central disse também que o BC continuará calibrando a política monetária olhando para o horizonte relevante, que atualmente considera os anos de 2018 e 2019.

“Vamos fazer o feijão com arroz. As metas de 2020 ainda estão distantes e não fazem parte do atual horizonte relevante”, afirmou.

Viana destacou que o balanço de riscos da autoridade monetária contempla fatores nas duas direções, seja com a continuidade da inflação baixa, seja a não aprovação de reformas e a reversão do cenário externo benigno. “Não há assimetria, tratamos os dois (riscos) como a mesma importância”, acrescentou.

Segundo ele, o Comitê de Política Monetária (Copom) aboliu o termo “viés” nas suas comunicações sobre a Selic porque essa expressão já não era usada há muito tempo.

Viana voltou a dizer, ao ser perguntado sobre a aprovação das reformas, que a questão em jogo é a sustentabilidade das contas públicas no longo prazo. Segundo ele, o adiamento da votação da Reforma da Previdência para fevereiro não irá influenciar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) naquele mês.

“Nunca enfatizamos nenhuma etapa específica do andamento da aprovação de reformas. Temos que olhar o amplo conjunto de informações. Não há mudança na forma de pensar do Copom, com adiamento da votação da reforma da Previdência”, completou, em entrevista sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

O diretor respondeu também que o BC espera uma trajetória mais favorável dos preços administrados em 2018. Respondendo a perguntas dos jornalistas, Viana também projetou uma melhora gradual no crédito para pessoas jurídicas, com pequeno crescimento no próximo ano.

Viana falou também que “políticas monetárias não ficam estimulativas para sempre” e reforçou que as projeções mais longas do mercado já mostram isso, ao prever um aumento da taxa de juros a partir de 2019. “A leitura do mercado já mostra isso”, afirmou.

Segundo ele, as projeções do BC e do mercado também embutem um cenário de normalização da inflação em níveis mais altos que os atuais, até mesmo pela recuperação dos preços dos alimentos.



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