LIMITAÇÕES Voo do Concorde tinha alto impacto ambiental (Crédito:Divulgação)

Imagine cruzar os céus de um continente a outro em poucas horas. de norte a sul e de leste a oeste. Sim, parece uma ideia tirada de um filme futurista, mas a possibilidade é real, acredite. Quase 50 anos depois do Concorde, primeira aeronave comercial supersônica da história, lançada em 1976, a indústria quer expandir seu leque de serviços e se adequar à sociedade imediatista que vivemos. Para se ter ideia, gigantes como a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) e a empresa Aerion Supersonic prometem criar jatos capazes de viajar de Nova York até Londres em apenas três horas e meia, fato que pode transformar a aviação comercial completamente. “Queremos um futuro onde a humanidade possa viajar com segurança entre dois pontos do nosso planeta em três horas”, disse Tom Vice, CEO da Aerion. O engenheiro aeroespacial Edgard Packness, da Universidade Federal do ABC (UFABC), afirma que nunca estivemos tão perto do avião supersônico perfeito. “Diferentemente do Concorde, as empresas agora querem um avião que voe no modo supersônico em qualquer lugar e não só quando sobrevoa o oceano”, conta.

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O Concorde levou mais de 10 anos para ser produzido e transformou a aviação em 1976, ano do primeiro voo. A velocidade acima de 2100 km/h, que rompia a barreira do som, era um recorde na época. Contudo, o modo supersônico só poderia ser ativado quando a aeronave estivesse acima do oceano, pois assim não causaria danos.

Suas turbinas tinham tanta potência que podiam causar uma catástrofe caso o jato sobrevoasse uma cidade: quebra dos vidros das janelas e carros, falha em sinais de telefones, TVs e rádios. Sem contar que o custo da manutenção da fuselagem e o preço do combustível eram muito altos. Logo, o valor médio de uma passagem no Concorde era de US$ 10 mil. “Apenas quem tinha alto poder aquisitivo viajava”, ressalta Packness.

“Acho que até o fim dessa década os novos aviões supersônicos estarão no mercado” Edgard Packness, Engenheiro Aeroespacial (UFABC)

De acordo com engenheiro, os avanços tecnológicos da aeroacústica, que ajudaram na diminuição de ruídos, e a fabricação de fuselagens mais fortes, animam a indústria. Aposentado em 2003, após uma peça que estava na pista entrar em uma das turbinas e causar um acidente fatal, o Concorde, de certa forma, abriu precedentes para uma “corrida aérea”. Todos querem fazer um jato supersônico e agitar o setor. “Passamos 10 anos pensando em fonte de energia, aerodinâmica avançada e motores, para que nosso avião queime a menor quantidade possível de combustível”, informa a Aerion.

Não por acaso a marca está perto de lançar o AS2. Os motores de força do “filho do Concorde” impressionam. São alimentados por combustíveis limpos, como o hidrogênio, e, deste modo, poluem menos o ambiente do que os compostos fósseis. As aeronaves supersônicas poderão atingir uma velocidade de até 6200 km/h, sete vezes mais rápido do que um avião comercial convencional (850 km/h). Isso encurtará viagens longas, como para a Ásia, que serão feitas em menos da metade do tempo. “Creio que até o fim desta década esses aviões já serão uma revolução”, finaliza Packness.