Mulheres lavando roupa, crianças brincando. A caravana de migrantes centro-americanos que enfureceu o presidente americano, Donald Trump, permanece parada no México e a mais de 3.000 quilômetros de seu destino previsto, na fronteira dos dois países.

Mais de 1.000 integrantes da caravana permanecem imóveis, detidos desde sábado na localidade de Matías Romero, no estado de Oaxaca.

Eles partiram em 25 de março de Tapachula, Chiapas, na fronteira com a Guatemala, e insistem que continuarão sua marcha até a fronteira, depois de percorrer várias cidades mexicanas como Irapuato, Guadalajara, Tepic, Mazatlán, Culiacán e, finalmente, Mexicali, fronteiriça com os Estados Unidos.

Cerca de 80% são hondurenhos, e os outros, guatemaltecos, salvadorenhos e nicaraguenses.

“A caravana continua e nosso próximo objetivo é estar em 5 (de abril) na cidade de Puebla. Permaneceríamos até o dia 8”, disse um membro da organização “Pueblo Sin Fronteras” sob condição de anonimato. Ele se disse assustado após receber ameaças de morte por ajudar os migrantes. Espera-se que eles recebam assessoramento ao chegar ao destino.

As autoridades mexicanas ofereceram alguns benefícios, como vistos humanitários e permissões de livre trânsito. Em troca, pede que dispersem e se tornem “cada vez menos.

No domingo, um grupo de 250 rapazes decidiu avançar e viajar de trem, mas cerca de 20 foram detidos nesta terça-feira por autoridades migratórias mexicanas quando faziam uma parada em Veracruz. “O delegado (de migração) se comprometeu a deixá-los em liberdade e permitir que sigam seu caminho”, comentou o ativista da “Pueblo Sin Fronteras”.

O governo mexicano também assegura ter detido e repatriado outro grupo, de cerca de 400 migrantes, que se separou da caravana.

– Ameaças de morte –

“É por causa de Trump. Há muita pressão no México. Disseram que se continuar com a mesma dimensão e agitação midiática, podem agir”, disse o ativista.

Também denunciam ameaças desde que as imagens dos migrantes foram divulgadas em meios de comunicação americanos.

“Ligam para nossos celulares, mandam mensagens ameaçando, de morte inclusive. É o setor racista dos Estados Unidos”, relata.

Abrigados em parques e campos esportivos, eles montaram um acampamento, onde descansam sobre a grama cobertos com mantas ou toalhas.

A “Via-crúcis Migratória”, que há 10 anos busca conscientizar sobre as agressões e os maus-tratos sofridos por milhares de pessoas na rota aos Estados Unidos, costuma ser realizada em trechos curtos dentro do território mexicano.

Mas, este ano, o protesto chegou aos ouvidos de Trump, que desde domingo escreveu diversos tuítes enfurecidos.

Depois de Puebla, o próximo destino é a capital mexicana, onde chegarão entre 10 e 11 de abril. O majoritário grupo de hondurenhos planeja protestar diante de sua embaixada, em frente à dos Estados Unidos e nas representações da Organização dos Estados Americanos e da ONU.

Os organizadores acreditam que a oferta de vistos humanitários para permanecerem no México entusiasmou pouco menos da metade dos manifestantes. O restante, advertem, insistirá em chegar aos Estados Unidos “para cruzar (a fronteira) legal, ou ilegalmente”.