Em meio às homenagens do 45º Festival do Cinema Brasileiro e Latino – na noite desta sexta-feira, 25, Dira Paes receberá o Troféu Oscarito – e à celebração dos bons filmes (do Peru, do Uruguai e do Brasil) que tem sido exibidos na serra gaúcha, repercutiu como uma bomba o veto do presidente Michel Temer à Lei do Audiovisual, que poderá ser arquivada até o fim do ano, colocando em risco a atividade cinematográfica no País.

“É um dos raros setores da economia que tem funcionado, e não podemos permitir que seja desmantelado dessa maneira”, advertiu o cineasta Cacá Diegues, presidente de honra do júri da competição brasileira. Cacá participava de um debate com o produtor Luiz Carlos Barreto sobre o atual momento da produção brasileira – embora distante dos 42% de participação no próprio mercado da década de 1970, os filmes empregam, direta ou indiretamente, 250 mil pessoas e a indústria do audiovisual representa mais que muitos outros setores com capacidade de mobilização no Congresso – quando o ator e diretor Paulo Betti levantou a questão do veto de Temer.

Imediatamente, Barretão, como é chamado, levantou a bandeira de luta, lembrando que, com os ex-presidentes Fernando Henrique, Lula e Dilma, houve sempre compreensão do significado cultural e econômico do cinema brasileiro. “Eles nos apoiavam”, lembrou.

A categoria redige neste momento a Carta de Gramado para levar o debate à sociedade civil e ao Congresso. Gramado retoma a trincheira. Desde os anos de chumbo da ditadura militar, o festival foi palco de protestos em defesa não apenas da arte, mas da sociedade como um todo. “Gramado sempre rimou com liberdades democráticas”, disse seu ex-presidente,. Esdras Rubim.