A decisão de deixar o atletismo russo fora dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro vai abrir espaço para atletas de outros países subirem ao pódio. As brasileiras Fabiana Murer, do salto com vara, e Erica Sena, da marcha atlética, podem fazer parte desse grupo.

Bicampeã olímpica – Atenas-2004 e Pequim-2008 – e recordista mundial (5,06 m), Yelena Isinbayeva sempre esteve no caminho de Fabiana. Em 2013, a russa conquistou o tricampeonato mundial ao saltar 4,89 metros. Tal marca nunca foi atingida pela brasileira, que registrou 4,85m em sua melhor performance.

Na marcha atlética, Erica tem o 4º melhor resultado do ano na prova dos 20 km, mas o cenário seria diferente se algumas rivais não estivessem suspensas. As russas Olga Kaniskina e Ekaterina Medvedeva, por exemplo, registraram bons tempos e estariam à frente da brasileira. Salto em distância, salto em altura e revezamento 4x400m estão entre os destaques.

Superintendente de Alto Rendimento da Confederação Brasileia de Atletismo (CBAt), Antonio Carlos Gomes, pondera em entrevista à reportagem que não é apenas o Brasil que pode se beneficiar da punição. “Os russos estão sempre presentes entre os finalistas e alguém vai ganhar com a não vinda deles. A gente pode ter uma melhor classificação, mas não podemos raciocinar só para nós. Facilita para todos que estão atrás deles. Fica uma briga entre outros países.”

O dirigente, que morou na Rússia de 1985 a 1997, acredita que a Olimpíada do Rio terá uma queda na qualidade com a ausência do atletismo russo. “Para um evento da envergadura dos Jogos Olímpicos é ruim porque perde espetáculo e perde competitividade.” Ele também lamenta que os russos que não estão envolvidos nos casos de doping vão pagar pelos erros de outros atletas.

Por outro lado, Antonio Carlos diz que é preciso “aplaudir esse tipo de atitude”, que ajuda a garantir um esporte limpo. “As instituições que tiraram eles por furarem esse conceito ético estão de parabéns.”