A marca italiana Versace, uma das poucas que ainda é independente, está sendo vendida para o grupo americano Michael Kors, conhecido principalmente por suas bolsas, informaram vários meios de comunicação nesta segunda-feira.

Um acordo que prevê a compra por quase 2 bilhões de dólares pode ser anunciado nesta semana, segundo a agência Bloomberg, que cita fontes próximas ao assunto.

O jornal italiano Il Corriere della Sera já havia informado a venda iminente da marca italiana, conhecida por seu estilo extravagante.

Segundo o jornal, o anúncio poderia ser formalizado “na terça-feira, o dia em que Donatella Versace (diretora artística e vice-presidente do grupo) convocou funcionários” para uma reunião.

Donatella, que mantém a marca com seu irmão Santo desde o assassinato de seu irmão Gianni em 1997 em Miami, organizou um verdadeiro tributo em setembro do ano passado, na Semana de Moda Masculina de Milão, com inspiração no estilo barroco e nas estampas de leopardo, fetiches da marca na década de 1990.

Procuradas, nem Versace nem Michael Kors responderam ao pedido de comentários da AFP.

“O anúncio da aquisição da Versace pela Michael Kors, certamente, terá um impacto para os seguidores, fãs e clientes da icônica marca italiana, que sempre se destacou por suas histórias e estética intensa, bem como pelos seus fortes valores familiares e sua independência”, declarou Florence Allday, analista da Euromonitor International.

– Uma compra-chave –

“No entanto, esta venda não é tão surpreendente se considerarmos que o (mercado de) luxo acaba de passar por vários anos difíceis, além da desaceleração do crescimento (da Versace) e do aumento da concorrência de marcas como Louis Vuitton, Gucci e Dior”, acrescentou.

Atualmente, 20% da Versace são de propriedade do fundo americano Blackrock e o restante pertence à família.

O grupo italiano registrou em 2017 um faturamento de 668 milhões de euros e um lucro de 15 milhões de euros. Seu CEO, Jonathan Akeroyd, disse em junho que o grupo pretendia atingir 1 bilhão de euros “no curto prazo”.

O interesse da Michael Kors pela Versace também não é surpreendente, de acordo com Neil Saunders, analista da GlobalData Retail.

“A empresa americana há muito tempo queria se tornar uma marca de luxo e começou este processo no ano passado, comprando a (empresa de calçados e bolsas) Jimmy Choo”, apontou.

A perspectiva de uma aproximação entre as duas empresas foi recebida com pouco entusiasmo na Bolsa de Valores de Nova York, onde as ações de Michael Kors perdiam 8,2%, caindo para 66,71 dólares nessa segunda-feira.

Após o assassinato do carismático fundador Gianni, a marca atravessou anos difíceis, e conseguiu recuperar seu prestígio no mundo da moda graças a uma grande reorganização interna e ao talento de Donatella.

“Mas sem a força de um conglomerado por trás, seria muito difícil para a Versace alcançar o nível de sua rival italiana Gucci”, explicou Allday.

Com a venda da Versace, a Itália perde outra das marcas que moldaram a fama e criatividade da moda italiana no mundo.

Marcas históricas como Gucci, Fendi, Bottega Veneta e Loro Piana passaram nos últimos 20 anos para o controle de poderosos grupos econômicos franceses.

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