Há alguns anos, quando eu era executivo de vendas de uma importante multinacional alemã, tive um chefe mala, mas muito mala mesmo; com força! Era do tipo que não chefiava, não liderava, não ensinava… Vivia da fama conquistada através de marketing pessoal muito bem feito e de sua extrema habilidade nas relações interpessoais.

Há muita gente assim no mundo dos negócios e no setor público. Tarcísio de Freitas, o hiper festejado ministro bolsonarista, é um deles, ainda que seja um bom (não ótimo) servidor de carreira (estava no governo desde Dilma Rousseff, e acho, Lula) e que tenha bons serviços prestados ao País, o que não duvido. Ou seja: muita espuma, pouca onda.

A fama, contudo, precede o atual candidato ao governo de São Paulo, que não conhece nada de … São Paulo! Peçam a lista das realizações, digamos, “pra valer” do “melhor ministro que o Brasil já teve”, e só encontrarão feitos comezinhos, ordinários, comuns a qualquer bom gestor com a caneta, a verba e o ministério que ocupou.

Bom, em entrevista a uma TV local, diante da pergunta mais óbvia que lhe poderia ter sido feita, o “neo paulista” se assustou, gaguejou, não respondeu e passou uma vergonha danada. A jornalista, coitada, até tentou ajudar o entrevistado, mas a emenda saiu pior que o soneto. Na boa, eu teria pedido licença para fazer xixi e não voltaria.

Como o leitor poderá assistir no vídeo abaixo, o “competentíssimo” ministro não fazia – nem faz ainda – a menor ideia de onde votará. Sabem por quê? Porque o patriota, o cidadão de bem, o representante do Brasil Acima de Tudo e Deus Acima de Todos, em nome de Jesus, é claro, mudou seu domicílio eleitoral apenas para concorrer em São Paulo.

Sabe quem fez isso, leitor amigo, leitora amiga, e sempre foi demonizado, com razão, inclusive pelos idólatras do “mito”? José Sarney. Sim, ele, o pai do Centrão e padrinho político de boa parte da corja que aí (ainda, meu Deus!!) está. Em 1990, ele “mudou” para o Amapá porque por lá, diante da gigantesca rejeição no Maranhão, conseguiria se eleger.

Reeleito seguidamente pelo mesmo estado, o ex-presidente não conhecia mais do que uma ou duas ruas da capital, Macapá, nem muito menos qualquer cidade do interior do estado. Sarney, segundo matérias encontradas na internet, deve ter visitado o Amapá menos do que 5 vezes durante todo o seu interminável (já acabou hein?) mandato de senador.

Outro que tentou o “aplique”, mas se deu mal, já que a Justiça Eleitoral, como a comum, é seletiva, foi o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro. No seu caso, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), diante do fato de o paranaense jamais ter residido e trabalhado no estado, negou-lhe domicílio eleitoral, e o protagonista da Lava Jato terá de disputar uma vaga no Senado pelo estado do Paraná.