A vereadora Adriana Ramalho (PSDB), de 37 anos, está aprendendo a sambar. As aulas são para atravessar o sambódromo do Anhembi no próximo mês como madrinha de bateria da Nenê de Vila Matilde, tradicional escola de samba da zona leste que luta para voltar ao Grupo Especial do carnaval paulistano.

Líder do PSDB na Câmara Municipal – partido do qual faz parte o prefeito João Doria -, Adriana vai desfilar à frente dos ritmistas da escola e ao lado da rainha Ariellen Domiciano, mas já deixa claro que não vai mostrar o corpo na avenida. “A primeira coisa que conversei foi que não me sinto bem expondo o corpo. Não quero usar duas peças. Vou desfilar com um vestido. Só não sei se vai ser no joelho ou longo.”

Evangélica e fã do carnaval, ela conta que o convite surgiu no segundo semestre do ano passado quando visitava bairros das zonas norte e leste da capital. “Faço questão de circular pelos bairros. Sabendo da minha história na dança (ela é formada em balé clássico e já deu aulas), eles me convidaram. Meu sonho era ser bailarina clássica, mas cresci vendo os desfiles. Desde a adolescência que vou ao Anhembi. Vai ser a primeira vez que vou participar de um desfile como destaque, porque já fui duas vezes em ala na Vai-Vai.”

Também será a primeira vez que a Nenê de Vila Matilde terá uma madrinha, segundo o presidente da agremiação, Rinaldo José Andrade, o Mantega. “A gente achou justo fazer essa homenagem por ela ser uma militante da cultura. Ela é uma pessoa flexível que entende a festa popular como cultura. É a primeira madrinha da Nenê.”

Ele diz que, para a agremiação, o cargo exercido pelos integrantes fora da avenida é deixado de lado na hora do desfile e todos são tratados da mesma forma. “O carnaval é fantástico, místico e maravilhoso. É a praia do paulistano e a praia nivela as pessoas. Não tem quem é quem, o que faz, poder aquisitivo. O carnaval tem esse dom de deixar todo mundo em pé de igualdade. O samba tem regra, mas não tem restrição.”

Neste ano, a agremiação vai apresentar um enredo que homenageia Iemanjá, um dos orixás mais conhecidos do Candomblé. A escola vai apresentar o enredo com 2.500 integrantes e 20 alas.

Para Maria Aparecida Urbano, pesquisadora e historiadora do carnaval de São Paulo, a nomeação é uma novidade. “Geralmente, as escolas convidam artistas. Alguém da política, acho que é a primeira vez. Já houve pessoas da alta sociedade desfilando nas escolas, mas vinham com fantasias que ninguém percebia que eram elas.”

Política

Ao falar dos desafios que aceita na Câmara, na avenida e na vida, a parlamentar usa o que parece ser um bordão. “Sou Adriana Ramalho, sou ‘parabaiana'”, referindo-se ao pai paraibano e à mãe baiana. Ela conta que uma de suas maiores inspirações é o pai, o deputado estadual Antonio de Sousa Ramalho, o Ramalho da Construção (PSDB).

“Nasci em uma família de trabalhadores. Meu pai dorme três, quatro horas por noite. No universo da vida pública, para se dedicar, não se escolhe. Acorda cedo e dorme tarde. Estamos aqui para contribuir para que a sociedade seja desenvolvida.”

Para isso, segue uma agenda corrida, acordando às 6 horas e chegando em casa sempre entre 23h30 e 1 hora. “Acordo, faço academia, tomo banho e já vou para o mundo. Gostaria de estar mais com a minha mãe, minhas irmãs, meu namorado. Minha mãe já foi em agenda comigo, meu namorado me acompanha em trabalhos nos fins de semana.”

Adriana afirma que a vivência na Câmara foi um grande desafio e ela contou com apoio de aliados e de vereadores de outros partidos. “Busquei dar o meu melhor diariamente, ajudando os colegas, contribuindo nos bons projetos para ajudar quem aqui mora. Tenho uma ótima relação com os vereadores. Um convívio saudável e harmonioso.”

Do seu partido, destaca o apoio de Eduardo Tuma. “Fora da bancada, tem o Claudio Fonseca (PPS) que foi o meu professor. Eu me dou bem com a Sâmia Bomfim (PSOL). Também tem o vereador Reis, que é do PT. Tem de acabar essa briga partidária. Estamos aqui para ajudar o povo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.