Nem bem assumiu sua cadeira de vereador, Lucas Pavanato (PL) já se articula para emplacar duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo. Uma delas é uma velha conhecida: investigar ONGs que atuam na Cracolândia.
A CPI chegou a ser proposta em 2024, quando foi protocolada pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil). Na época, no entanto, Nunes mirava especificamente o padre Júlio Lancelotti, um desafeto de longa data.
A proposta gerou intenso debate nas redes sociais, e a repercussão negativa fez com que os vereadores desistissem de apoiá-la. O então presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), tentou contornar a situação, mas, diante da pressão, Rubinho retirou o pedido e engavetou a comissão.
Neste ano, Pavanato quer retomar o tema, mas sem focar em Lancelotti. Durante a sessão de posse dos vereadores, ele se articulou para colher assinaturas dos colegas. Em menos de 1 hora, conseguiu o apoio dos 19 vereadores necessários para protocolar o pedido.
Ao site IstoÉ, o novato vereador — o mais votado nas eleições de 2024 — afirmou que o escopo da comissão será diferente da proposta anterior. Ele destacou que a investigação focará apenas nas ONGs e que as organizações que trabalham corretamente “não precisam ter medo”.
Entretanto, nem todos os vereadores aderiram à ideia. Alguns parlamentares, inclusive do PL, ficaram de fora da lista. Entre eles, Fábio Riva (MDB), líder do governo na Câmara. Já Thammy Miranda (PSD)* recusou veementemente e justificou sua decisão com base na repercussão negativa sobre seu mandato após ter assinado o requerimento no ano passado.
Além da investigação sobre ONGs que atuam na Cracolândia, Pavanato quer apresentar uma segunda CPI para apurar invasões e moradias irregulares. A proposta também obteve os números necessários para ser encaminhada à Mesa Diretora da Casa.
Quem levar, levou
A tentativa de instaurar uma CPI para investigar invasões de prédios públicos não se limita a Lucas Pavanato. Outra novata, a vereadora Amanda Vetorazzo (União Brasil), também busca emplacar uma comissão sobre o tema.
À reportagem, Amanda afirmou já ter coletado as 19 assinaturas necessárias, incluindo a de Pavanato. Segundo ela, há aval do governo para as investigações, e a comissão que reunir mais apoio será protocolada.
A sessão para definir as CPIs e os membros das comissões permanentes deve ocorrer apenas em fevereiro, quando os parlamentares retornam do recesso.
*Correção: Ao contrário do informado anteriormente, o vereador Thammy Miranda não é filiado ao PL, mas ao PSD. Sua filiação ocorreu em 2024, antes das eleições municipais. A reportagem foi atualizada às 12h do dia 02/01.