A Venezuela elege governadores e prefeitos, neste domingo (21), com a participação de grande parte da oposição, que rompe anos de boicote eleitoral e convocações de abstenção, em um processo que também traz o retorno de observadores internacionais, após mais de uma década de ausência.
21 dos 30 milhões de habitantes são convocados às urnas para eleger 23 governadores e 335 prefeitos, além de legisladores regionais e municipais, entre mais de 70 mil candidatos.
A votação deve ser prorrogada até às 18h00 (19h00 no horário de Brasília), desde que não haja eleitores na fila. O período de tempo é geralmente estendido e os resultados não chegam até o início da manhã.
Nas primeiras horas da manhã, alguns centros de votação de Caracas tiveram poucos votos e atrasos devido ao baixo número de testemunhas eleitorais, afirmou a AFP. No entanto, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Pedro Calzadilla, disse que “tudo está indo como planejado”.
“Aqui está a oposição, a revolução, estamos todos presentes para exercer o nosso direito de voto”, disse à AFP Luis Tirado, um militante do chavismo de 57 anos, antes de votar numa escola no bairro de Petare, onde mais de 8.000 eleitores estão registrados.
Essas eleições podem servir como um novo ponto de partida tanto para o presidente Nicolás Maduro, que busca o levantamento das sanções, quanto para a oposição, que volta ao trilho eleitoral mirando uma eleição presidencial “transparente” em 2024.
– Observação internacional –
Para Aura Hernández, opositora de 67 anos, o maior desafio é superar a abstenção.
“Espero que a abstenção diminua, temos que participar para podermos reivindicar”, disse ao votar em uma escola na área de Chacao, na capital, com pequenas filas.
Mas a oposição volta fraturada, enfraquecida e sem candidaturas unitárias na maioria das regiões, após se negar a participar das eleições presidenciais de 2018, nas quais Maduro foi reeleito, e as eleições legislativas de 2020, nas quais o partido no poder recuperou o Parlamento.
Ambos os processos, em meio a denúncias de “fraude”, foram amplamente rejeitados internacionalmente, liderados pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), que desta vez acompanham a votação com uma missão de 130 observadores destacados no país.
A chefe da missão eleitoral da UE, Isabel Santos, informou no domingo que as votações regionais estão acontecendo com “tranquilidade”.
Questionada sobre a demora no processo a diplomata disse que “os problemas foram resolvidos, as pessoas podem votar com calma”.
“Até agora os problemas foram resolvidos de uma forma ou de outra, mas são coisas que trataremos mais tarde”, disse Santos, que apresentará relatório no dia 23 de novembro.
A UE não trabalhava em eleições na Venezuela há 15 anos, já que as autoridades venezuelanas optaram por “missões de acompanhamento” de países e organizações próximas ao Chavismo. Painéis de especialistas das Nações Unidas e do Carter Center também foram instalados para esta eleição.
Às vésperas das eleições, Maduro ironizou o papel do bloco e destacou que eles não têm poderes para oferecer um “veredicto” sobre as eleições.