A pré-candidata oposicionista favorita às eleições presidenciais de 2024 na Venezuela, María Corina Machado, da ala mais radical da oposição, foi considerada inelegível por 15 anos para cargos públicos, segundo a ofício da Controladoria Geral da União divulgado nesta sexta-feira (30/06).

A decisão foi divulgada depois de a política do partido “Vente Venezuela” formalizar a sua candidatura às primárias da oposição, previstas para 22 de outubro próximo, durante as quais será eleito o candidato opositor que competirá contra Nicolás Maduro nas presidenciais de 2024.

A política, de 55 anos, é engenheira industrial e ex-parlamentar.

“Irregularidades administrativas”

Segundo a Controladoria, a cassação é baseada em “irregularidades administrativas” quando ela era deputada (2011-2014). Em princípio, a inabilitação imposta em 2015 tinha validade de um ano, mas a Controladoria continuou a investigá-la nos anos seguintes e prorrogou a punição.

Machado também é acusada de ter participado de “um esquema de corrupção” encabeçado pelo ex-líder da oposição Juan Guaidó, reconhecido entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023 como presidente no comando da Venezuela por 50 governos que ignoraram a reeleição de Maduro em 2018 por considerá-la “fraudulenta”. A medida impede Machado de se registrar nas autoridades eleitorais e, portanto, de concorrer à eleição presidencial.

“Isso a gente já sabia, ninguém estranha, isso estava por vir, mas se eles acreditam ou acharam que essa farsa da desqualificação ia desestimular a participação nas primárias, deveriam se preparar, porque se íamos antes fortes, agora vamos com mais força ainda”, disse Machado durante ato político. “Agora vamos com mais entusiasmo”, frisou a política, referindo-se às primárias organizadas pela oposição para 22 de outubro.

Protestos dos EUA e da OEA

Os Estados Unidos, que mantêm uma antiga disputa com o governo socialista de Nicolás Maduro que inclui um embargo ao petróleo venezuelano, protestaram contra a medida contra Machado.

A desqualificação “priva o povo venezuelano de direitos políticos básicos”, disse Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado, em nota divulgada em Washington. “Os venezuelanos merecem o direito de escolher um candidato para participar das eleições presidenciais de 2024 sem interferência”, acrescentou.

A decisão da Controladoria gerou também críticas na Organização dos Estados Americanos (OEA), à qual a Venezuela deixou de pertencer em 2019. “O regime recorre a inabilitações e interdições para se manter no poder”, afirmou.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, também criticou a medida, ressaltando que “nenhuma autoridade administrativa deve retirar os direitos políticos de qualquer cidadão”.