A Venezuela protestou, nesta quinta-feira (18), contra a retomada das sanções dos Estados Unidos ao petróleo venezuelano e acusou o país de “violar” os acordos assinados entre ambos no Catar, onde discutiram temas bilaterais, incluindo garantias para as eleições presidenciais de 28 de julho.

“A Venezuela rejeita mais uma vez a intenção do governo dos Estados Unidos da América de monitorar, proteger, controlar e manipular a indústria petrolífera venezuelana através de sua política ilegal de imposição de medidas coercitivas e licenças”, afirmou o chanceler Yván Gil ao ler um comunicado.

Os EUA anunciaram na quarta-feira o fim da flexibilização decretada há seis meses, que autorizava a produção e venda de petróleo e gás da Venezuela.

O Departamento do Tesouro americano deu um prazo para a “liquidação das transações” pendentes até 31 de maio e incluiu uma seção que permite que empresas que desejam trabalhar com a Venezuela solicitem licenças específicas.

A decisão foi uma resposta ao “assédio” eleitoral contra a oposição na organização das eleições presidenciais, nas quais o presidente Nicolás Maduro buscará um terceiro mandato de seis anos.

Gil indicou que com esta medida, os EUA “consumaram sua política de violação aos compromissos firmados sob a mediação do Catar” em setembro do ano passado, que, segundo a Venezuela, consistia na eliminação das sanções no momento da convocação das eleições.

As negociações entre Caracas e Washington ocorreram de forma silenciosa e, entre outras questões, levaram ao acordo de troca entre Alex Saab, acusado de ser testa-de-ferro do presidente, por 10 americanos e 18 venezuelanos presos na Venezuela.

Simultaneamente, uma negociação entre o governo e a oposição no país sul-americano, mediada pela Noruega, alcançou um acordo sobre a realização de eleições no segundo semestre e a revisão das inabilitações contra opositores.

Como resposta, os EUA flexibilizaram as sanções e condicionaram a suspensão total das mesmas à realização de eleições nas quais todos os inabilitados pudessem participar.

“Os Estados Unidos não estão prejudicando uma Venezuela independente que aprendeu a se sobrepor às suas agressões, pelo contrário, prejudicaram qualquer tentativa de normalização das relações bilaterais, o mercado energético internacional (…) e sobretudo, seus próprios investimentos e interesses na indústria petroleira venezuelana”, declarou o chanceler.

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