Governos populistas são pouco criativos na forma de iludir demagogicamente o povo de seus países e no modus operandi de assaltar os cofres públicos — à população mais empobrecida, o truque assistencialista é dar pão, circo e migalhas de ajuda financeira que parecem grandiosas políticas econômicas, enquanto, nos bastidores, políticos costuram acordos de propinas e colocam em prática o velho patrimonialismo. Seguindo essa tese, basta cotejar a gatunagem da gestão de Hugo Chávez, quando esteve no comando da Venezuela (1999 a 2013), com os governos petistas que presidiram o Brasil. E, se aqui, a casa caiu graças à ação da Lava Jato, no país vizinho a coisa começa a ruir pela atuação da Justiça americana, empregando a mesma metodologia, a da delação premiada (instituto jurídico, aliás, criado e existente nos EUA desde a década de 1950). O delator em questão se chama Alejandro Andrade, e pode-se dizer que ele é o Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras) da Venezuela — ou seja, o primeiro a delatar e a puxar todo o fio da meada da corrupção. Sem Paulo Roberto, lá atrás, hoje o ex-presidente Lula estaria livre, leve e solto; sem Alejandro, agora, a famélica população da Venezuela seguiria a considerar Chávez um homem probo. Preso nos EUA desde o ano passado, Alejandro (mero guarda-costa de Chávez que voou para o cargo de chefe do Tesouro Nacional) revelou a existência de uma organização ilegal de câmbio que movimentou propinas e subornos de mais de US$ 1 bilhão. As informações levaram a Justiça a abrir inquéritos contra vinte diretores da PDVSA, a estatal do petróleo venezuelano (coincidência a ser observada: PDVSA lá, Petrobrás aqui, essa turma da rapinagem gosta mesmo de operar em empresas de petróleo). Foram feitas dezenas de transferências (US$ 14 bilhões) para o banco HSBC, na Suíça. Por determinação de Chávez, essa instituição financeira passou a gerir, de Genebra, o Tesouro da Venezuela, em Caracas. Afinal, o que são 7.867,30 quilômetros de distância? Lula e Chávez ficavam separados apenas por 3.592 quilômetros. E em linha reta.

JUSTIÇA
Fernando Haddad é réu

Venezuela e Brasil tinham idêntico modus operandi na corrupção
Ale Frata/Codigo19

O candidato derrotado do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, se tornou réu na semana passada. A 5ª Vara Criminal de São Paulo acolheu denúncia do MP e instaurou ação penal. Haddad é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro a partir da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa (também envolvido no processo que trata da reforma de um sítio na cidade paulista de Atibaia, cuja propriedade é atribuída a Lula). A denúncia cita a quantia de R$ 3 milhões que Haddad teria pedido a Pessoa para quitação de dívidas de campanha. Ele já é réu em outra ação sobre caixa dois.

MAIS MÉDICOS
A negociata entre Dilma e Cuba

Venezuela e Brasil tinham idêntico modus operandi na corrupção
Divulgação

O presidente eleito Jair Bolsonaro foi crucificado por parte da esquerda por ter exigido que os profissionais de saúde cubanos, que integravam o programa Mais Médicos, se submetessem a exames de revalidação do diploma no Brasil. Foi igualmente criticado ao dizer que era absurdo a ditadura de Cuba ficar com 70% do valor dos salários (confiscava R$ 8.260,00 de cada
R$ 11.800,00). Na semana passada foram revelados documentos sigilosos:

1) Cuba é que pediu para o Brasil instaurar o Mais Médico; 2) o governo brasileiro (gestão Dilma) acertou o pagamento com a Organização Pan-Americana de Saúde para que o programa não precisasse do aval do Congresso. Agora está claro porque a ditadura da Ilha, fingindo-se ofendida, ordenou que seus médicos retornassem imediatamente ao país. A “ofensa” mesmo foi perder os 70%.

> Há muitos médicos brasileiros e de outros países interessados nas vagas deixadas pelos cubanos. Na quarta-feira 21, o número de profissionais inscritos, em 3 horas, foi 3.336

“Cuba retirou os médicos porque vai perder dinheiro. Eles não vão mandar mais os seus salários para lá” Adrian Barber, médico cubano

LEILÃO
O recorde do artista David Hockney

Venezuela e Brasil tinham idêntico modus operandi na corrupção
TIMOTHY A. CLARY

“Retrato de um artista (Piscina com duas figuras)”, quadro do britânico David Hockney, 81 anos, foi vendido na Christie’s de Nova York por US$ 90,3 milhões. É o mais alto valor para obra de um pintor vivo. O recorde anterior era de US$ 58,4 milhões para a escultura “Balloon dogs”, do americano Jeff Koons.

NISSAN
Executivo brasileiro é preso no JapãoVenezuela e Brasil tinham idêntico modus operandi na corrupção

O brasileiro Carlos Ghosn é um dos mais competentes executivos em todo o mundo. Conta para tal conceituação o trabalho que empreendeu à frente da Renault e da Nissan e o fato de ter conseguido unir essas duas empresas (a Mitsubishi também integra o grupo). Fica explicado, assim, a surpresa que causou a sua prisão no Japão. Motivo: Ghosn é acusado de sonegar impostos e de usar recursos corporativos para benefícios pessoais (teria desviado US$ 18 milhões com os quais comprou imóveis no Rio de Janeiro e Beirute). O seu pacote de remuneração em 2017 foi de US$ 8,5 milhões. Analistas acham que a prisão de Ghosn pode ser uma manobra da própria Nissan.

UNIVERSIDADE
Johns Hopkins cria bolsa Marielle

Venezuela e Brasil tinham idêntico modus operandi na corrupção
Divulgação

A School of Advanced International Studies, que integra a universidade americana Johns Hopkins (uma das melhores do planeta), acaba de criar o programa de bolsa de estudos Marielle Franco. Abrigará estudantes que cursam o mestrado em relações internacionais com ênfase na América Latina. Doação anônima à universidade financia a bolsa. O custo anual do curso é de cerca de US$ 25 mil (aproximadamente R$ 94 mil). As aulas serão dadas na unidade da Johns Hopkins em Washington e também na da cidade italiana de Bolonha. A vereadora Marielle Franco foi executada no Rio de Janeiro, juntamente com seu motorista, Anderson Golmes, em março desse ano.