O governo da Venezuela disse neste sábado (23) que “desmantelou” o Trem de Aragua – organização criminosa nascida em seu território e que opera em vários países da América Latina – após tomar uma prisão que era controlada pelo grupo, mas o paradeiro de seu principal líder ainda é desconhecido.

“Temos o controle total desta penitenciária” e “desmantelamos totalmente o autodenominado ex-Trem de Aragua”, garantiu o ministro de Interior e Justiça, almirante Remigio Ceballos.

Mais de 11.000 militares e policiais ocuparam na quarta-feira a prisão de Tocorón, no estado de Aragua, norte do país. O local funcionava como centro de operações do grupo criminoso.

Vestido com uniforme militar, com retroescavadeiras ao fundo que demoliam estruturas no pátio do presídio agora desocupado, Ceballos informou que 88 membros do Trem de Aragua foram capturados na operação, na qual foram apreendidas armas de guerra como lança-foguetes, fuzis e granadas.

Ceballos conversou com os jornalistas ao final de uma visita às instalações organizada pelo governo para a imprensa.

“GNB [sigla para Guarda Nacional Bolivariana], o trem acabou”, estava escrito em uma pichação.

As autoridades divulgaram mensagens nas redes sociais e meios de comunicação com fotografias, nome e número de identidade de Héctor Guerrero, conhecido como ‘El Niño’ Guerrero, o principal líder do grupo, que constava como “procurado” e se oferecia uma “recompensa”.

Uma ONG de defesa dos direitos humanos dos presos, o Observatório Venezuelano de Prisões, denunciou na sexta-feira que os líderes do Trem de Aragua tinham fugido para fora do país antes da operação em Tocorón.

“Os [presos] mais violentos; ou seja, os ‘pranes’, já haviam negociado [com as autoridades] a desocupação do recinto e emigraram do país há uma semana”, disse a organização em um comunicado.

Os ‘pranes’, como são conhecidos na Venezuela os líderes dos detentos nas prisões, chegaram a construir no presídio uma discoteca, um zoológico e um campo de beisebol.

Ceballos negou que o governo tenha negociado com as lideranças do grupo, que se dedica aos crimes de sequestro, extorsão, narcotráfico, entre outros.

“Tivemos um planejamento de longo prazo, não foi uma atividade realizada da noite para o dia, nem muito menos sob qualquer tipo de negociação”, afirmou.

Além disso, Ceballos assinalou que, “inclusive em âmbito internacional”, haverá ações caso os líderes do grupo tenham deixado o país.

“Se conseguiram escapar, fugir, alguns dos integrantes […], vamos capturá-los, porque estamos adiantando coordenações e conexiones de caráter diplomático para isso”, detalhou.

O governo registrou a morte de um militar durante a operação, e não divulgou o número de feridos. A penitenciária de Tocorón abrigava cerca de 1.600 presos.

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