O governo da Venezuela disse neste domingo (20) que as conversas que levaram à liberação de 252 venezuelanos detidos em um megapresídio de El Salvador foram apenas conduzidas com representantes dos Estados Unidos e que o acordo foi selado pouco antes da troca ser efetivada.
Esses venezuelanos tinham sido transferidos para o presídio salvadorenho conhecido como CECOT após serem detidos nos Estados Unidos em batias migratórias ordenadas pelo presidente Donald Trump.
Na sexta-feira, os 252 venezuelanos foram repatriados como parte de uma troca de prisioneiros entre Washington e Caracas, que também envolveu dez cidadãos americanos ou residentes nos Estados Unidos presos na Venezuela.
“As negociações ocorreram somente com os Estados Unidos da América, com o governo dos Estados Unidos da América”, assegurou neste domingo o negociador e presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, ao canal Telesur.
“Jamais, nem remotamente, passou por nossa cabeça falar com o palhaço”, acrescentou, em referência ao presidente salvadorenho Nayib Bukele. “Era o pau-mandado de quem havia determinado a presença de venezuelanos nesse campo de concentração.”
Na sexta-feira, ao falar sobre o processo que levou à troca, Bukele disse: “É difícil negociar com um verdadeiro regime tirânico, mas conseguimos.”
Os venezuelanos repatriados foram enviados em março, sem julgamento, para o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT, na sigla em espanhol), após serem acusados pelo governo Trump de pertencerem à organização criminosa Trem de Aragua.
Trump declarou esse grupo uma “organização terrorista” e invocou uma lei de inimigos estrangeiros de 1798 para expulsar os venezuelanos de forma rápida.
Rodríguez afirmou que, em três oportunidades anteriores à sexta-feira, acordaram com Washington a libertação dos detidos em El Salvador, mas nenhuma delas prosperou.
“Entre quinta-feira à meia-noite e sexta-feira às 9h da manhã conseguimos o acordo, e esse acordo permitiu que ocorresse a troca e que nos entregassem os 252 irmãos venezuelanos”, indicou.
A troca também incluiu a libertação de outros 80 venezuelanos detidos na Venezuela e considerados “presos políticos” pela oposição ao governo de Nicolás Maduro.
Rodríguez, no entanto, assegurou que essa medida coincidiu com um processo de negociação interno paralelo.
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