Um sindicalista do setor da educação da Venezuela foi detido nesta quarta-feira (17) por suposta “conspiração” contra o governo do presidente Nicolás Maduro, menos de um mês depois de outros dirigentes serem libertados em uma troca de presos orquestrada pelos Estados Unidos.

Víctor Venegas, presidente do sindicato dos trabalhadores da educação, Fenatev, no estado de Barinas (oeste), foi vinculado à “mais recente conspiração desvendada contra o povo venezuelano”, informou o procurador-geral, Tarek William Saab, em um comunicado.

“Este cidadão está envolvido no desenvolvimento de atividades contra a paz da República e fazia parte de um núcleo que pretendia transformar o estado de Barinas em epicentro de ações violentas. Uma vez revelado o plano, este grupo está em processo de ser desmantelado”, acrescenta a nota.

Venegas foi detido juntamente com outros dois dirigentes, segundo a ONG de direitos humanos Provea.

O dirigente apareceu em um vídeo gravado supostamente antes de sua prisão e que circulou nas redes sociais. “Temos um ataque dos corpos policiais, estão entrando com tudo no Fenatev, estão derrubando a porta”, denunciou, enquanto colegas tentavam bloquear a passagem dos agentes.

“Não fizemos absolutamente nada de errado, o que fizemos foi defender os trabalhadores. Não vou me esconder!”, afirmou. “Vão nos levar sequestrados, assim, peço à opinião pública solidariedade, respeito e peço aos professores: vão às ruas protestar.”

Os professores têm protestado na Venezuela nos últimos meses reivindicando melhores salários.

Eduardo Torres, advogado da Provea, condenou o “abuso crônico da legislação de terrorismo para criminalizar aqueles que lutam”.

“Isto deve cessar […], que acabe a porta giratória”, disse à AFP.

Ele se referiu a uma nova detenção pouco depois da soltura, em 20 de dezembro, de seis sindicalistas como parte de uma troca de presos que levou à libertação do empresário colombiano Alex Saab, considerado o “laranja” de Maduro e acusado nos Estados Unidos de lavagem de dinheiro.

Estes dirigentes também foram acusados de conspiração e cumpriam penas de 16 anos de prisão.

Maduro, que denuncia frequentemente planos para derrubá-lo, assegurou, na segunda-feira, que em 2023 houve quatro planos conspiratórios para assassiná-lo, que foram neutralizados e os supostos envolvidos, colocados atrás das grades.

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