O governo da Venezuela confirmou na sexta-feira (22) a fuga do principal líder do grupo criminoso Tren de Aragua, três dias depois de as autoridades terem tomado conta de uma prisão controlada por este grupo que opera em vários países latino-americanos.

“Recompensa. Procura-se”, diz um cartaz publicado nas redes sociais pelo Ministério do Interior e da Justiça com a fotografia, o nome e o número da carteira de identidade de Héctor Guerrero, conhecido como “El Niño” Guerrero.

“Os órgãos de segurança cidadã procuram Héctor Guerrero (…) por sua participação em vários crimes contra as pessoas e terrorismo”, informou o ministério na rede social X (antigo Twitter), sem esclarecer se ele, de fato, saiu do país.

Mais de 11 mil efetivos de segurança, com o apoio de veículos blindados, tomaram na quarta-feira a prisão de Tocorón, centro de operações dessa gangue venezuelana. O governo reportou a morte de um militar, mas não informou o número de feridos, e anunciou que armas de guerra, como lança-foguetes e granadas, foram apreendidas.

Mais cedo no mesmo dia, uma ONG que defende os direitos humanos dos reclusos, o Observatorio Venezolano de Prisiones (OVP), denunciou que os líderes desse grupo criminoso fugiram para o exterior antes de militares e policiais ocuparem a prisão de Tocorón, no estado de Aragua (centro-norte).

“Os presos mais violentos, ou seja, os ‘pranes’, já haviam negociado (com as autoridades) a desocupação do local e emigraram do país há uma semana”, denunciou a OVP.

Os “pranes”, como os líderes dos detentos são chamados na Venezuela, tinham tamanho controle que construíram na prisão uma espécie de cidadela, com uma boate de luxo, um zoológico e um campo de beisebol.

O OVP acusou as autoridades de falta de transparência e exigiu informações sobre os líderes criminosos que estavam detidos em Tocorón e seu país de destino.

Na quinta-feira, o ministro do Interior, almirante Remigio Ceballos, informou que os detentos cavaram túneis na prisão, por onde escaparam, sem especificar o número de foragidos. Seu gabinete anunciou que mais de 80 foram recapturados até o momento.

Ceballos disse ainda que quatro agentes penitenciários foram presos, acusados de colaborarem com os criminosos.

“Gostaríamos de saber mais sobre como estes responsáveis fizeram para entrar com foguetes autopropulsados e armas longas sem a cumplicidade de muitas outras pessoas”, questiona a ONG.

Cerca de 1.600 prisioneiros estavam em Tocorón no momento da intervenção, segundo as autoridades. O OVP sustenta que o local, com capacidade para 750 reclusos, chegou a abrigar mais de 5.000.

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