As autoridades venezuelanas começaram a fornecer na quinta-feira (18) a primeira dose da vacina russa contra a covid-19 aos profissionais de saúde do país e estabeleceram a meta de imunizar 70% da população até o final do ano.
A televisão estatal VTV mostrou imagens dos primeiros vacinados em três hospitais públicos do país.
“Hoje estamos iniciando este plano de vacinação para os mais necessitados, que são os profissionais de saúde, aqueles que estiveram na linha de frente”, disse a vice-presidente Delcy Rodríguez na cerimônia oficial.
A Venezuela, que participou dos testes clínicos da Sputnik V, recebeu as primeiras 100.000 doses no sábado, de 10 milhões acordados por US $ 200 milhões, conforme relatou o presidente Nicolás Maduro no dia anterior.
Questionado pela AFP, o governo ainda não deu detalhes sobre a compra da unidade a 20 dólares, quando o Fundo Soberano da Rússia (RDIF) fixou o valor internacional em menos de US$ 10.
As primeiras doses foram aplicadas esta quinta-feira nos estados de La Guaira e Miranda (norte), bem como em Caracas, onde se prevê imunizar 11 mil trabalhadores da saúde.
“Essa etapa, que levará duas semanas, se estenderá a todo o território nacional”, disse o vice-presidente.
A primeira fase inclui também policiais e militares, bem como deputados do Parlamento da maioria chavista e outras autoridades.
Os idosos, entre a população mais vulnerável, não foram mencionados no plano anunciado quarta-feira por Maduro, que prevê a vacinação em massa até abril.
O ministro da Saúde, Carlos Alvarado, estimou, por sua vez que até o final de 2021 se espera alcançar “70% de imunização da população venezuelana, que é a meta de vacinação que temos para conseguir uma possível imunidade de rebanho e dar a estocada a esta pandemia”.
A Venezuela também está entre os 37 países da América Latina e do Caribe que receberão vacinas anticovid por meio do sistema Covax da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que solicitou um adiantamento de 18 milhões de dólares para garantir uma reserva entre 1,4 e 2,4 milhões de doses de AstraZeneca.
O governo de Maduro negocia para ter acesso a recursos no exterior que estão bloqueados e cujo controle está nas mãos do líder oposicionista Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por cinquenta países.
Maduro evocou a possibilidade de obter uma “combinação” de vacinas, incluindo chinesa e cubana, esta ainda em fase de testes.
Com quase 30 milhões de habitantes, a Venezuela tem 134.319 casos confirmados e 1.297 mortes por covid-19, segundo dados oficiais, questionados por organizações como a Human Rights Watch.