A Venezuela acusou nesta terça-feira (22) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) de agir como “mercenária” dos Estados Unidos, um dia depois que esse órgão questionou a intervenção na Cruz Vermelha e no opositor Partido Comunista.

“A Venezuela volta a denunciar a atuação obediente e mercenária da CIDH em nossa região, comportando-se como porta-voz do Departamento de Estado americano”, diz um comunicado compartilhado pelo chanceler venezuelano, Yván Gil, na rede social X, antigo Twitter.

O governo Maduro “rejeita veementemente o comunicado lamentável” da CIDH, “onde se pretende questionar a atuação limpa do poder público venezuelano, em um novo ataque ao nosso país”, diz o documento.

Dias atrás, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano trocou a diretoria da Cruz Vermelha local e do Partido Comunista, opositor ferrenho de Maduro, como fez no passado com outras formações políticas de oposição.

“É especialmente preocupante que o TSJ tenha emitido decisões que incidem em um partido político dissidente da coalizão de governo e uma organização da sociedade civil cuja missão é fortalecer a ajuda humanitária”, manifestaram ontem a CIDH e sua Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão.

A CIDH ressaltou que essas decisões judiciais “de caráter arbitrário” afetam “a liberdade de reunião e a participação política livre de discriminação, e criam novos obstáculos para superar a crise institucional em um país caracterizado pela ausência do Estado de Direito”.

“Essa postura não faz nada mais do que ratificar a decisão acertada do governo bolivariano de se livrar da chantagem contínua dessa organização”, respondeu Yván Gil em seu comunicado. A CIDH faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Reeleito em 2018, em eleições denunciadas como fraudulentas pelos Estados Unidos e por outros países, Maduro ordenou a saída da Venezuela da OEA em 2019, depois que o secretário-geral da instituição, Luis Almagro, não reconheceu a sua vitória.

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