A cidade de Veneza não entrará na lista de Patrimônio Mundial em perigo, como havia recomendado anteriormente a Unesco pela atuação “insuficiente” das autoridades diante do turismo em massa e do impacto das mudanças climáticas, anunciou a agência da ONU nesta quinta-feira (14).

“O comitê do patrimônio mundial (…) decidiu no dia de hoje não inscrever Veneza e sua lagoa na lista do patrimônio em perigo”, informou em nota a Unesco, sediada em Paris.

“A decisão leva em conta os avanços obtidos nos últimos dias pela Unesco, em particular a implantação, a partir de 2024, de um sistema de gestão dos fluxos dos visitantes”, detalhou um diplomata à AFP.

Na terça-feira, Veneza aprovou uma medida na qual cobrará, a partir de 2024, uma taxa de 5 euros (aproximadamente R$ 26, na cotação atual) aos visitantes que permanecerem apenas um dia na cidade, conhecida por seus canais, pontes, palácios e obras de arte.

Em 2024, a taxa, que poderá ser paga pela internet, abrangerá, no máximo, 30 dias nos quais a visitação de turistas costuma ser mais intensa, particularmente na primavera e no verão. O calendário dos dias em questão será divulgado mais adiante.

A Unesco havia recomendado no final de julho colocar Veneza na lista de Patrimônio Mundial em perigo, ao considerar que a Itália havia tomado até agora medidas “insuficientes” para lutar contra a deterioração desta região.

A agência da ONU para a Cultura havia argumentado que o impacto das mudanças climáticas, em forma de elevação do nível do mar, e o turismo em massa ameaçavam “causar mudanças irreversíveis no valor universal e excepcional” do patrimônio da cidade.

Quando soube da decisão desta quinta-feira, o ministro italiano da Cultura, Gennaro Sangiuliano, comemorou o que chamou de “vitória da Itália e do senso comum”.

Mas a cidade não dissipou totalmente o risco.

O comitê do patrimônio mundial da Unesco “reiterou suas preocupações a respeito dos importantes desafios pendentes para a boa conservação do local, relacionados sobretudo com o turismo, os projetos de desenvolvimento e o desajuste climático”.

Por isso, o comitê considerou que “devem ser feitos avanços adicionais” e pediu à Itália para apresentar um relatório em fevereiro para que o estado de conservação do local possa ser reexaminado no verão de 2024.

Veneza, cidade insular fundada no século V e que se tornou uma grande potência marítima no século X, possui 118 ilhotas. Conhecida como “A Sereníssima”, integra o patrimônio mundial da Unesco desde 1987.

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