VENEZA, 01 JUN (ANSA) – As autoridades de Veneza fizeram neste domingo (31) um teste crucial para a entrada em funcionamento do sistema Mose, um bilionário complexo de barreiras projetado para proteger o centro histórico da cidade contra inundações.   

Duas das três redes de comportas foram acionadas simultaneamente, por volta de 13h, de maneira bem sucedida: na Bocca di Malamocco, principal acesso da Lagoa de Veneza ao Mar Adriático, e na Bocca di Chioggia.   

Até então, as três barreiras haviam sido alçadas apenas individualmente. “Foi mais um passo à frente para a proteção de Veneza contra as inundações excepcionais”, comemorou o prefeito Luigi Brugnaro, de centro-direita.   

A próxima etapa está prevista para 30 de junho, com o acionamento das três redes de comportas, separando fisicamente a Lagoa de Veneza do Mar Adriático pela primeira vez na história.   

A entrega da obra, iniciada em 2003, está prevista para dezembro de 2021, ao custo de 5,5 bilhões de euros, mas o Mose deve começar a funcionar de maneira emergencial depois do teste de 30 de junho.   

As comportas ficam nos três acessos da lagoa ao Adriático e podem resistir a inundações de até três metros – a mais alta já registrada na cidade teve 1,94 metro, em 1966.   

Em novembro passado, no entanto, foram registradas quatro marés superiores a 1,4 metro, algo inédito para um único mês em toda a história de Veneza. A maior delas, no dia 12, teve 1,87 metro.   

O fenômeno da “acqua alta” é mais comum entre o fim do outono e o início do inverno europeu e acontece quando o nível do Mar Adriático sobe e invade as águas da lagoa, inundando o centro da cidade.   

As marés são influenciadas pelo ciclo lunar e por eventos meteorológicos, como tempestades e o vento de siroco, uma corrente de ar quente proveniente do deserto do Saara, mas fatores como o aquecimento global e o assoreamento do solo lagunar também contribuem para as enchentes. (ANSA)