Veneza está de luto nesta quarta-feira (4), um dia após a morte de 21 pessoas terem morrido na queda de um ônibus turístico em um viaduto.

As circunstâncias precisas do acidente ainda são desconhecidas. Embora prevaleça, até o momento, a hipótese de desmaio do motorista, a questão da manutenção das estradas voltou a gerar debate.

O país continua traumatizado pelo colapso da ponte de Gênova, em 2018, que deixou 43 mortos.

O acidente ocorreu pouco depois das 19h30 (14h30 no horário de Brasília), quando o veículo caiu com 40 turistas italianos e estrangeiros a bordo. O grupo havia visitado o centro histórico de Veneza e voltava para um acampamento fora da cidade.

“O ônibus capotou. O impacto foi terrível, porque foi uma queda de mais de 10 metros”, e caiu em uma linha férrea, explicou aos jornalistas o chefe dos bombeiros de Veneza, Mauro Luongo.

O número de vítimas permaneceu estável após a noite. Vinte e uma pessoas morreram, e pelo menos 15 ficaram feridas, cinco delas em estado grave, confirmou a superintendente de Veneza, Michele di Bari, em entrevista coletiva.

Entre os falecidos, há uma criança de um ano e um adolescente.

Segundo Michele, entre os mortos há cinco ucranianos, um italiano (o motorista) e um alemão. Ela não confirmou as mortes de um francês e de um croata, anunciadas anteriormente pelo governador da região do Vêneto, Luca Zaia.

“Entre os feridos, que são 15, estão quatro ucranianos, um alemão, um francês, um croata, dois espanhóis e dois austríacos”, afirmou Michele di Bari, acrescentando que “ainda é preciso identificar mais quatro feridos”.

As autoridades ucranianas informaram que quatro ucranianos morreram no episódio, e quatro ficaram feridos.

As autoridades tentam identificar as vítimas que não carregavam documentos consigo, cruzando os dados com o registro do acampamento onde estavam alojadas.

– ‘Cena apocalíptica’ –

Os bombeiros informaram que o ônibus era elétrico, e não movido a metano, conforme mencionado nos primeiros relatos.

As equipes de resgate demoraram várias horas para retirar as vítimas e os feridos do ônibus. Os restos do veículo só puderam ser retirados no início desta manhã, e o trânsito foi restabelecido, segundo um correspondente da AFP.

O comandante dos bombeiros explicou que, entre as dificuldades que os socorristas enfrentaram, está o fato do ônibus ser elétrico, e as baterias terem pegado fogo com o impacto.

O prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, descreveu uma “cena apocalíptica”. As bandeiras da cidade foram hasteadas a meio mastro.

– ‘Manutenção medíocre’ –

A principal hipótese é que o motorista teria desmaiado.

Segundo imagens captadas por uma câmera de segurança, a hipótese de excesso de velocidade parece estar descartada, uma vez que o ônibus trafegava normalmente antes de cair.

Para Domenico Musicco, presidente da Associação de Vítimas de Acidentes Rodoviários no Trabalho, o estado das estradas deve ser questionado.

“Era uma tragédia anunciada”, disse ele à AFP. “Esta pista é feita para uma estrada rural e aqui precisamos de equipamentos de nova geração que poderiam ter evitado a queda do ônibus”.

“A manutenção das estradas italianas é medíocre. Investe-se muito pouco em segurança rodoviária. Estima-se que 30% dos acidentes se devem a isso”, lembrou.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressou “profundas condolências”.

O acidente mais grave deste tipo na Itália ocorreu em 28 de julho de 2013, quando um ônibus que transportava cerca de 50 pessoas da província de Nápoles, retornando de uma excursão de três dias, caiu por 30 metros de um viaduto perto de Avellino e deixou 38 mortos na tragédia.

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