Investidores que apostam em um dólar mais forte podem relaxar: mesmo se o Banco Central Europeu (BCE) quiser elevar juros de modo agressivo, terá um trabalho difícil. O dólar recua ante o euro neste mês, após ganhos recentes, com maior expectativa de uma alta de juros futura na zona do euro. Os presidentes dos bancos centrais de Alemanha e Holanda, integrantes do conselho do Banco Central Europeu (BCE), disseram recentemente que apoiavam uma elevação dos custos de empréstimo pelo BCE em 2022.

Há, porém, outro fator que investidores devem monitorar: o spread entre a dívida da Alemanha e o chamado “sul da Europa”. Se ele ficar muito elevado, o BCE terá de fazer uma pausa.

O juro do bônus de 10 anos da Itália está 1,7 ponto porcentual acima do alemão, maior diferença desde o verão local de 2020. Os bônus de Espanha, Portugal e Grécia tiveram ondas de vendas nas duas últimas semanas.

O papel do BCE em apoiar a dívida dos países mais fracos é sua tarefa mais importante, porém dizer isso em voz alta é impopular. Sempre que os mercados sentem menor apoio do BCE, vendem bônus italianos e espanhóis, o que pode ameaçar até mesmo a existência do euro, como ocorreu em 2011. Com isso, o banco central não tem alternativa a não ser mutualizar implicitamente a dívida, embora fazer isso de modo oficial seja um tabu político.

O ponto que a presidente do BCE, Christine Lagarde, enfrenta agora é que o banco central diz há tempos que só elevaria juros após o fim dos programas de compra de bônus. O fim do apoio aos países mais fracos, porém, poderia elevar os custos de empréstimo muito mais nessas nações.

Até agora, a resposta do mercado tem sido contida. Os dirigentes poderiam, além disso, mudar de ideia e desvincular a compra de bônus dos juros. Nesse quadro, de qualquer modo, o dólar parece ter vantagem sobre o euro, já que as altas de juros nos Estados Unidos devem vir relativamente rápidas, enquanto para o mesmo ocorrer na Europa há uma corrida de obstáculos.

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