A renovação será pequena. Os velhos clãs da política deverão eleger seus herdeiros (Crédito:Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Com uma renovação que deverá ser somente de 25%, o Congresso que será eleito no domingo 7 será uma continuação do atual, vença quem vencer as eleições presidenciais. Mesmo entre os novos deputados e senadores, a maior parte é formada por políticos experimentados em outros cargos. Os velhos clãs que dominam a política há décadas também se farão representar. O senador Fernando Collor (PTC-AL), por exemplo, elegerá seu filho Fernando James Braz Collor de Mello deputado federal. O ex-deputado Eduardo Cunha, preso pela Operação Lava Jato, deverá emplacar sua filha Danielle Cunha. E o ex-governador Sergio Cabral, também no xadrez, deverá reeleger seu filho Marco Antonio Cabral. O novo governo continuará tendo de negociar com o “Centrão”, a reunião de pequenos partidos de viés conservador.

Os Maias

No comando do Centrão, está o DEM do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que poderá ver seu poder cruzar o Salão Verde da Câmara para o Salão Azul, do Senado, com a provável eleição de seu pai, César Maia. O Maia pai deverá chegar com influência no Senado para disputar a presidência ou o comando de alguma comissão importante.

Bancadas

O PT pode eleger a maior bancada na Câmara. No Senado, porém, deve diminuir. Também deverão ter grandes bancadas, entre 40 e 65 deputados, o MDB, o PSDB, o PR e o PSD. Se permanecerem unidos, os partidos do Centrão formarão bloco maior. Assim, tudo indica que o novo Congresso repetirá a polarização que tomou conta do país nas eleições.

Haddad Paz e Amor

AFP PHOTO / Heuler Andrey

No provável segundo turno, a intenção de Fernando Haddad, do PT, é fazer claros acenos ao mercado. Ele já começa a discutir nos bastidores uma proposta de reforma tributária para anunciar na campanha depois do domingo 7. Outra pregação que o petista pretende fazer a partir de agora é mostrar ao empresariado que uma gestão do PT teria previsibilidade e respeito à segurança jurídica.

Rápidas

* Diante das tensões do processo eleitoral, durante esta semana a advogada-geral da União, Grace Mendonça, destacou 300 integrantes da AGU para atuarem de forma exclusiva, em regime de plantão, no processo eleitoral.

* A Câmara abriu procedimento licitatório para a compra de 1,2 mil extintores de incêndio. Os antigos iriam vencer até o final do ano. Valor da compra: R$ 675 mil. Coincidentemente, o certame vai para aos pregões exatamente no meio das altas temperaturas das eleições.

* Não é só Lula que orienta campanha política da prisão. O ex-senador Luís Estevão, preso desde 2016 por corrupção, continua influente na política do Distrito Federal. Ele tem dado conselhos a três candidatos a governador.

* Estevão aposta ao mesmo tempo em Ibaneis Rocha (MDB), Eliana Pedrosa (Pros) e Alberto Fraga (DEM). Joga triplo para evitar a reeleição do atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), que não vai bem nas pesquisas.

Retrato falado

“Prefiro não falar desse assunto, exatamente por causa do período eleitoral”

Jefferson Rudy/Agência Senado

Em tempos de disputa tensa pelos votos nestas eleições, o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Felix de Paiva, evita bolas divididas. Embora a delação do ex-ministro Antônio Palocci tenha sido feita pela Polícia Federal, ele esquivou-se de comentar a decisão do juiz Sergio Moro de retirar o sigilo de parte dela. À ISTOÉ, ele prometeu tratar da delação em outro momento, longe do período eleitoral.

Ruy Baron/Valor

Toma lá dá cá

DAVID FLEISCHER, CIENTISTA POLÍTICO E BRAZILIANIST

O senhor acompanha o processo político brasileiro desde 1962. Já viu situação como a destas eleições?

O quadro de 1989 continua sendo a comparação. E, naquela ocasião, o nível de sacanagem ainda foi maior. Mas precisamos saber agora como será o segundo turno. Se é que vai haver…

É possível não haver segundo turno?

É possível, embora não seja provável. Os grupos mais conservadores estão concentrando seus votos em Bolsonaro.

O senhor vê semelhança com o fenômeno Trump nos Estados Unidos?

Há semelhanças e diferenças. Trump já era conhecido, mas sem atuação política. Bolsonaro é deputado há vários mandatos, embora tenha conseguido associar sua imagem a de um outsider, fora da política tradicional.

Cartas marcadas?

O Tribunal de Justiça de São Paulo está promovendo uma licitação para trocar equipamentos de impressão. O atual parque conta com 12 mil impressoras com as quais se gasta mensalmente R$ 2,1 milhões em manutenção. O processo irá trocá-las por 7 mil novas impressoras. O curioso é que o custo mensal das novas máquinas, em vez de cair, vai subir para R$ 3,4 milhões. Em
48 meses de contrato, o custo adicional será de R$ 60 milhões. O TJ-SP até pode argumentar a necessidade de modernização das máquinas, ainda que seja um argumento complicado de se sustentar em um momento em que todos pregam a necessidade de redução dos gastos públicos.

Só um fabricante

O problema maior é que, em função das especificações técnicas determinadas no edital, somente uma das seis fabricantes, a Lexmark, poderá participar da concorrência. As demais — Xerox, Samsung, Ricoh, Brother e Kyocera — ficarão foram da disputa. O edital marcou o pregão eletrônico para o dia 10 de outubro.

Mais Palocci

Marcos Bezerra/Futura Press

Há muito mais conteúdo explosivo contido nas delações feitas pelo ex-ministro de Lula e de Dilma Antônio Palocci. De acordo com quem já viu e analisou a maior parte do material, há diversos detalhes de negociações, e a investigação feita pela Polícia Federal encontrou farta quantidade de documentos que comprovam o que Palocci conta.

Preocupação da PF

Como foi a primeira delação homologada pela PF e não pelo Ministério Público, que chegou a negá-la alegando que não tinha novidades, havia grande preocupação na corporação para que seu conteúdo não fosse frustrante, o que poderia inviabilizar outros casos. Antes de fechar o acordo, os policiais que ouviram Palocci garantiram: “Não há esse risco”.

Vídeo baratinho

©Divulgação

Para o provável segundo turno, Jair Bolsonaro deve contratar uma produtora de vídeo bem em conta para fazer seus vídeos. A ideia do PSL é gastar, no máximo, R$ 200 mil com esse tipo de serviço. O trabalho será apenas de edição. Bolsonaro seguirá gravando vídeos com celulares, como vem fazendo desde o início da campanha.