As chapas que concorrem à prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro terminaram de ser anunciadas na segunda-feira, 5, e apostaram em composições distintas para dar apoio político a cada um dos candidatos ao comando da cidade mais populosa do país.

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Da aposta no apoio de um ex-presidente à consolidação da parceria com o atual ocupante do Palácio do Planalto, veja a seguir quem são os vices dos seis candidatos melhor posicionados nas pesquisas de intenções de voto e entenda como eles chegaram a essa condição.

Ricardo Mello Araújo (PL), vice de Ricardo Nunes (MDB)

Coronel da reserva da Polícia Militar paulista, Mello Araújo comandou a Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), tropa de choque da corporação, de 2017 a 2019. Em entrevista ao portal UOL na condição, afirmou que a abordagem policial em regiões mais nobres da cidade deveria ser diferente daquela adotada nas periferias.

Em seguida, assumiu a presidência da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais) por indicação do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e permaneceu no posto até janeiro de 2023. No período, nomeou 22 policiais militares para ocupar 26 vagas comissionadas sem vínculo com a Administração Pública disponíveis na Companhia, ganhou elogios do chefe do Executivo por “limpar” a empresa da corrupção, e os dois se tornaram amigos.

Embora não fosse um aliado natural do prefeito, o coronel se credenciou para o lugar na chapa justamente por indicação de Bolsonaro, em troca do apoio do PL a sua reeleição. Oficialmente, Nunes disse que nenhum nome foi imposto para vice e a decisão foi de sua “frente ampla”.

Marta Suplicy (PT), vice de Guilherme Boulos (PSOL)

Prefeita da cidade entre 2001 e 2005, Marta é uma das políticas de esquerda mais conhecidas do eleitorado paulistano. Além da vitória em 2000, a petista chegou ao segundo turno das eleições municipais de 2004 e 2008 e também disputou o pleito de 2016.

No PT, Marta foi eleita deputada federal e senadora por São Paulo, foi ministra do Turismo durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da Cultura no primeiro de Dilma Rousseff (PT). Em 2015, rompeu com o petismo, ingressou no MDB e votou pelo impeachment de Dilma. Nas eleições municipais de 2020, fez campanha para Bruno Covas (PSDB, morto em 2021) e virou sua secretária de Relações Internacionais.

Seguiu no cargo durante a gestão de Nunes, mas rompeu com o prefeito em janeiro, depois de sua aproximação do bolsonarismo, e retornou ao PT após nove anos em efeito de uma articulação direta de Lula para colocá-la ao lado de Boulos. Na chapa, a principal missão da petista é transferir sua popularidade em regiões populosas da cidade, como Grajaú e Parelheiros, para o deputado do PSOL.

José Aníbal (PSDB), vice de José Luiz Datena (PSDB)

Diante da falta de alianças além de sua própria federação (formada com o Cidadania), o PSDB apostou na formação de uma chapa de “contrapeso”: se o apresentador José Luiz Datena é um recém-chegado ao ninho tucano, José Aníbal foi um dos dissidentes do PMDB que atuaram para formar o partido no final da década de 1980, ao lado de políticos como os ex-governadores Mário Covas e Franco Montoro e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Desde então, liderou a bancada tucana na Câmara dos Deputados justamente durante o governo FHC, foi vereador da capital, secretário estadual de Desenvolvimento e Energia e, eleito suplente, tornou-se senador durante as duas licenças de José Serra — uma para virar ministro, a outra para cuidar da saúde. Em fevereiro, assumiu a presidência municipal do PSDB como parte de um movimento da legenda para reassumir um papel de oposição ao governo Lula e se desvencilhar do bolsonarismo.

Antônia de Jesus (PRTB), vice de Pablo Marçal (PRTB)

Em mais uma chapa “puro-sangue”, Pablo Marçal escolheu Antônia de Jesus para a vice depois prometer a entrada de “partidos de peso” em sua coligação, tentar se aproximar de Jair Bolsonaro e ver negociações com União Brasil naufragarem.

Como reação, o empresário apostou na reprodução de uma estratégia bolsonarista ao ocupar a chapa com uma militar sem experiência prévia na política. Antônia é cabo da Polícia Militar de São Paulo e atua na corporação há 23 anos. Ganhou notoriedade no episódio em que salvou a vida de um bebê que estava prestes a ser jogado em um córrego pela própria mãe.

Lúcia França (PSB), vice de Tabata Amaral (PSB)

Segunda candidata a sustentar a hipótese de ter um segundo partido para ocupar a vice em sua chapa, Tabata Amaral chegou a participar da filiação de José Luiz Datena ao PSDB com esse objetivo, que por fim não se concretizou. Somente nesta segunda, 5, a deputada confirmou a ex-primeira-dama do estado Lúcia França no posto.

Esposa de Márcio França, ministro do Empreendedorismo, Micro e Pequena Empresa, Lúcia fundou e dirige a primeira escola particular de Praia Grande, no litoral sul do estado, e é um quadro histórico do PSB (onde está desde 1987), mas sua única participação em eleições foi em 2022, como candidata derrotada a vice-governadora de Fernando Haddad (PT). A pessebista disputava espaço na chapa com Lu Alckmin, esposa do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) — ao lado de França, principal fiador da candidatura da parlamentar à prefeitura.

Reynaldo Priell Neto (Novo), vice de Marina Helena (Novo)

Terceiro postulante a vice de origem policial, Priell foi escolhido pela economista Marina Helena para reforçar a pauta de segurança pública em que a candidatura investe. Em mais de três décadas na Polícia Militar paulista, foi de agente a coronel da corporação e comandou a ação da PM na capital — de 2014 a 2015 — até se aposentar, em 2019.

Na política, integrou a gestão Bruno Covas na condição de secretário adjunto de segurança urbana.