O debate para viabilizar a PEC que proíbe a escala de trabalho 6×1 gerou discussões sobre as características laborais ao redor do mundo. Diversos países já aboliram a jornada de seis dias, enquanto outros avançaram ainda mais na redução do tempo trabalhado.

No Brasil, um abaixo-assinado do VAT (Vida Além do Trabalho), que associa o excesso de trabalho à exaustão e aos distúrbios psicológicos, resultou em um texto apresentado pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP).

O projeto propõe que o regime de trabalho estabelecido na Constituição Federal de 1988 — de 44 horas semanais distribuídas em até seis dias e a obrigatoriedade de 24 horas de descanso após o sexto dia trabalhado — seja substituído por um regime de 36 horas semanais e a adoção da escala 4×3.

Segundo defensores do sistema, essa rotina permitiria maior qualidade de vida, mais tempo com a família e até uma produtividade mais expressiva. Por outro lado, opositores ao texto argumentam que essa redução seria ruim para a sociedade, consumidores e, principalmente, pequenos empreendedores.

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Confira quais países já adotam ou discutem a implantação da escala 4×3:

Bélgica

Desde 2022, a Bélgica faz parte dos países que autorizam o trabalhador a escolher se prefere distribuir a jornada semanal por quatro ou cinco dias – mantendo a mesma carga horária. Com uma jornada de 38 horas semanais, os belgas ainda têm a opção de aumentar a carga para 45 horas e subtrair o tempo extra trabalhado na semana seguinte.

Islândia

A Islândia estuda o encolhimento da jornada de trabalho há alguns anos e, após testes com a população, começou a implantar medidas de redução. A semana de quatro dias foi uma prática adotada de forma massiva no país, o que diminuiu a rotina de vários cidadãos para 35 a 36 horas semanais, sem qualquer alteração nos salários.
Vale ressaltar que, após a ação, a economia da Islândia disparou de forma expressiva, se destacando entre os países europeus no quesito da produtividade.

Escócia

O país tem feito testes para adotar a semana de quatro dias desde 2021. Como incentivo à medida, o governo escocês fornece 10 milhões de libras esterlinas às empresas que implantam o modelo 4×3.

Inglaterra

Empresas britânicas introduziram testes relativos à jornada de trabalho de quatro dias desde 2022. Algumas instituições encolheram o tempo laboral de 40 para 32 horas semanais e permitiram a distribuição da carga horária ao longo dos cinco dias. Os testes na Inglaterra foram de grande sucesso, e parte expressiva das companhias optaram por manter o novo modelo.

Suécia

Os testes relativos à escala 4×3 na Suécia começaram ainda em 2015 e dividiram a opinião pública. A intenção era estabelecer uma jornada de seis horas diárias no lugar das oito horas já estabelecidas – tudo sem redução salarial. Alguns críticos da proposta, porém, afirmaram que o processo seria muito custoso uma vez implantado em larga escala.

Espanha

O partido de esquerda Mais País apresentou uma proposta para reduzir a jornada de trabalho na Espanha sem alteração salarial. As empresas com menos de 250 funcionários podem participar do projeto federal, com orçamento de 9,6 milhões de euros.

Alemanha

A Alemanha concluiu os testes iniciados em 2024 sobre a adoção da semana de quatro dias. Como resultado, mais de 70% das empresas não têm intenção de voltar ao modelo de cinco dias semanais.

Japão

No Japão, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar incentiva a maior flexibilidade nos horários de trabalho, oferecendo subsídios e consultoria gratuita para empresas que implementarem jornadas mais curtas. As medidas, porém, ainda sofrem resistência culturais, o que mantém a discussão em um impasse.

Nova Zelândia

Grandes companhias da Nova Zelândia foram as primeiras a adotar a semana de quatro dias no país. Os resultados mostraram uma redução significativa do estresse e aumento da satisfação com o trabalho