Veja pontos que deputados da oposição tentam desidratar no projeto de reforma do IR

Liderados por Ciro Nogueira e Antônio Rueda, deputados tentam minar texto para impactar imagem de Lula nas eleições de 2026; proposta pode ser votada nos próximos dias

Câmara dos Deputados
Plenário da Câmara dos Deputados Foto: Adriano Machado/Reuters

Deputados da oposição têm articulado nos bastidores a derrubada de compensações no projeto de reforma do Imposto de Renda (IR) para enfraquecer o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e inviabilizar a reeleição do petista no pleito de 2026. Como mostrou a ISTOÉ, a articulação é liderada pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) e pelo presidente do União Brasil, Antônio Rueda.

Os deputados querem aprovar a isenção do IR, mas segurar as compensações para aumentar a dívida do governo federal em até R$ 100 bilhões. Com isso, o Planalto ficaria inviabilizado de recuperar a credibilidade fiscal até às eleições previstas para outubro do próximo ano.

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Uma das medidas que deve ser destacada em plenário é a taxação de super ricos. A proposta aprovada pela comissão especial na Câmara dos Deputados prevê a tributação progressiva de até 10% para quem ganha entre R$ 600 mil e R$ 1,2 milhão por ano.

Outro foco da cúpula oposicionista é a tributação de 10% sobre lucros e dividendos enviados ao exterior. Os parlamentares, de acordo com um deputado da oposição, há conversas para reduzir a margem de desconto progressivo do IR. No texto atual, a margem de desconto progressivo é entre os que ganham R$ 5 mil e R$ 7,3 mil por mês.

Ciro X Lira e desembarque do governo

A articulação de Ciro Nogueira contra a reforma do Imposto de Renda colocou seu aliado e colega de partido, o deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (Progressistas-AL) na fogueira. Lira é o relator do projeto na Casa e manteve o texto enviado pelo Palácio do Planalto quase que integralmente.

À ISTOÉ, aliados afirmaram que Ciro Nogueira sentou com Arthur Lira e apenas comunicou o aliado sobre a articulação. Lira não digeriu a notícia muito bem.

A articulação visa enfraquecer a imagem de Lula para minar as chances do petista no pleito do ano que vem. De acordo com a pesquisa Quaest, o atual chefe do Planalto ganharia no segundo turno contra todos os concorrentes da direita.

O avanço das conversas para desidratar o projeto coloca mais um pé da federação entre os dois partido de fora do governo Lula. Antônio Rueda prevê bater o martelo sobre o tema em setembro. Atualmente a federação contra com três ministérios: Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Frederico Siqueira) e Desenvolvimento Regional (Waldez Góes).

Mesmo com as tentativas da cúpula petista de manter a aliança com os dois partidos, Ciro e Rueda já colocam o caminho da federação para uma candidatura de centro-direita. O senador do Piauí é cotado, inclusive, para assumir a vice na chapa bolsonarista.