Os Estados Unidos começaram a aplicar nesta sexta-feira as tarifas sobre produtos da União Europeia (UE) totalizando 7,5 bilhões de dólares, afetando produtos como aviões e vinho, passando por queijos e material de construção.

Essas tarifas foram elevadas para 10% para aviões fabricados pela Airbus (na França e na Alemanha) e 25% para produtos alimentícios e têxteis de outros países da União Europeia, bem como para itens industriais alemães.

Os produtos atingidos representam exportações anuais de cerca de 6,8 bilhões de euros.

Em 2018, o total de exportações europeias para os Estados Unidos foi de 320 bilhões de euros, segundo o Eurostat.

Estes são os principais setores atingidos:

Aeronáutica

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Apenas aviões de passageiros montados em Toulouse (França) ou Hamburgo (Alemanha) são afetados, e não as empresas terceirizadas.

As exportações avaliadas representaram 3,16 bilhões de euros em 2018, segundo o grupo de reflexão alemão IfW Kiel.

Por outro lado, o valor da Airbus para entrega nos Estados Unidos excede 120 bilhões de dólares pelo preço de catálogo.

“Se houver uma guerra comercial com represálias de Bruxelas, teremos dois monopólios regionais, a Boeing nos Estados Unidos e a Airbus na Europa, pois cada um deles será muito caro do outro lado do Atlântico”, admitiu uma fonte industrial europeia.

Para aviões montados na França, os Estados Unidos imporiam US$ 190 milhões em impostos de importação, acrescentou a mesma fonte.

Vinhos espanhóis e franceses

Os vinhos “tranquilos” (não efervescentes) espanhóis, franceses, alemães e britânicos que contenham um teor alcoólico inferior ou igual a 14% e menos de dois litros terão uma nova taxa de 25%.

Vinhos a granel e espumantes não seriam taxados.

Em 2018, as exportações de vinho espanhol aos Estados Unidos foram de 240 milhões de euros.

Os vinhos franceses afetados registraram em 2018 nos Estados Unidos um volume de negócios de um bilhão de euros, segundo a Federação de Exportadores de Vinhos e Licores. As vendas aumentaram 10% na comparação com o primeiro semestre de 2019.

Na Itália, a bebida fica isenta de sanções (exportações de 1,5 bilhão de euros em 2018), mas não os vinhos brancos e os licores alemães (180 milhões de euros).


Whisky escocês

Os licores britânicos, irlandeses, alemães, espanhóis e italianos também recebem impostos adicionais. O conhaque francês está isento.

O whisky aparece na linha de frente: o “single malt” escocês representa mais da metade do valor dos produtos britânicos afetados, ou seja, mais de 460 milhões de dólares, de acordo com fontes do setor.

O grupo britânico Diageo afirmou que pode absorver os efeitos das sanções, mas tem o impacto sobre as destilaria independentes escocesas.

A empresa Pernod Ricard criticou um impacto significativo para seus “single malts” escoceses (Glenlivet), assim como para sua marca espanhola de vinhos ‘Campo Viejo’. O grupo afirma ter registrado “um pequeno efeito de pedidos antecipados em previsão” às sanções.

Queijos

A lista americana também inclui queijos como o cheddar, o stilton, o parmesão, queijos de cabra ou queijos azuis, com exceção do roquefort.

Os queijos franceses são afetados de maneira marginal, segundo o ministério da Economia do país.

Metade das exportações de queijo holandês para os Estados Unidos receberá taxas de 39 milhões de euros ao ano, segundo o governo.

Azeite de oliva espanhol

Outros alimentos afetados são: frutas (laranja, limão, cereja, etc) e sucos, frutos do mar preparados ou alguns produtos de charcutaria e salsichas, assim como os biscoitos e waffles alemães e britânicos e o café exportado pela Alemanha.

Mas sobretudo as azeitonas e azeite de oliva espanhóis serão taxados em 25%.


A Espanha exportou no ano passado aos Estados Unidos 505 milhões de euros em azeite de oliva, um setor que emprega 400.000 agricultores no país. As azeitonas exportadas representaram 179 milhões de euros.

No total, metade das exportações agroalimentares espanholas para os Estados Unidos seriam afetadas, o que representa quase um bilhão de dólares.

Por outro lado, o azeite de oliva da Itália (436 milhões de euros em exportações), assim como as massas e os tomates em conserva do país estão isentos. Apenas 500 milhões de euros em exportações italianas de alimentos são objeto de sanções, para um total que supera 4 bilhões.

Ferramentas e material de obra alemães

Apesar do setor automotivo estar fora da série de sanções, algumas ferramentas elétricas portáteis e máquinas de construção (escavadeiras, entre outras) fabricadas na Alemanha recebem taxa de 25%, assim como lentes de câmeras fotográficas do mesmo país.

De acordo com a consultoria IfW, as exportações de ferramentas elétricas representaram no ano passado 130 milhões de euros, enquanto as de equipamentos para obras alcançaram 100 milhões de euros.

Têxtil britânico

Apenas o Reino Unido foi punido com 25% de tarifas para suéteres de lã e caxemira, anoraques e lingerie, ternos para homens ou roupas de cama.

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