Os trabalhistas britânicos devem propor em seu programa eleitoral reestatizar setores como as ferrovias, energia e correios, e não pretendem sair da União Europeia (UE) sem um acordo com Bruxelas, de acordo com um rascunho de seus planos divulgado pela imprensa.

O programa para as eleições gerais de 8 de junho seria divulgado apenas em um ato de campanha na próxima semana, mas os jornais Daily Telegraph e Daily Mirror conseguiram uma cópia e publicaram os principais pontos.

O rascunho, um documento de 43 páginas, ainda precisa ser aprovado pelo partido.

Entre as promessas de campanha, que ainda não engrenou, o partido afirma que iria garantir uma que haja uma “votação significativa” para o acordo final do Brexit, descartando sair da UE sem ter um acordo firmado.

No texto, o Partido Trabalhista reconhece que deixar a UE ‘sem um acordo’ é o pior cenário possível para o Reino Unido e que isso prejudicaria nossa economia e o comércio”.

“Vamos rejeitar o ‘não acordo'”, insiste o programa, “e negociar acertos de transição para evitar deixar a economia britânica à beira do abismo”.

Os trabalhistas liderados por Jeremy Corbyn estão mais de 20 pontos atráes dos conservadores da primeira-ministra Theresa May nas pesquisas, o que pode ampliar ainda mais a maioria absoluta dos ‘tories’ na Câmara dos Comuns.

Muitos creditam o fraco desempenho ao fato de seu líder, Jeremy Corbyn, não ter um plano preciso para o Brexit.

O Telegraph, conservador, resumiu o programa como um “retorno aos anos 1970”, antes de Margaret Thatcher privatizar grande parte dos serviços públicos.

De acordo com o documento, os trabalhistas desejam reestatizar as ferrovias à medida que expirem os contratos com as empresas que administram o sistema. Também pretendem congelar os preços das passagens, que estão entre os maiores do mundo.

Além disso, o plano prevê a criação de uma empresa de energia pública “para competir com as seis grandes existentes”. O partido também pretende devolver ao setor público o Royal Mail, que foi privatizado pelo ex-primeiro-ministro conservador David Cameron.

Os trabalhistas almejam ainda aumentar consideravelmente o financiamento da saúde pública e eliminar as taxas universitárias.

O documento também contém pistas sobre a postura dos trabalhistas no tema migratório, afirmando que o partido não fará “falsas promessas”, em alusão aos oponentes conservadores.

Andrew Gwynne, coordenador eleitoral do Partido Trabalhista, minimizou a importância do vazamento.

“Nao é ideal, mas a vantagem é que hoje estamos todos falando do Partido Trabalhista, estamos falando de sua visão para que o país seja melhor”, afirmou à rádio BBC.